UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Pricila Balan Picinato
Titulo O NOVO "CAIPIRA": o olhar do "eu" e do "outro"
Orientador(a) Profª. Drª. Rosane de Andrade Berlinck
Data 17/06/2013
Resumo Este estudo tem como objetivo analisar e descrever o modo como os falantes da comunidade “caipira” e a mídia televisiva constroem a identidade “caipira”. Devido ao fato da variante retroflexa ser uma “marca” do falar desse dialeto, foi feita uma pesquisa de campo com 20 falantes das cidades de Sales Oliveira e Orlândia, interior do Estado de São Paulo, para que fosse analisada a ocorrência do emprego da variante retroflexa em situações comunicativas que exigem maior e menor formalidade. Essa pesquisa foi embasada no modelo laboviano e abrangeu 3 partes: entrevista, leitura de um texto e leitura de lista de palavras. Os participantes também responderam a um questionário. Além da pesquisa de campo, foram analisados e descritos dados provenientes de 11 novelas veiculadas pela mídia televisiva, que continham personagens no núcleo “caipira”. Esse estudo também contou com levantamento bibliográfico e histórico sobre a comunidade “caipira”. Os dados resultantes da mídia revelam que as personagens “caipiras” são retradas de forma semelhante ao personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro Lobato. O emprego da variante retroflexa, na mídia, ocorre na fala das personagens relacionadas à zona rural. Entretanto, mediante os dados obtidos na pesquisa de campo, pode-se perceber que o falante do interior, mesmo em situação comunicativa mais formal faz uso da variante retroflexa, ou seja, não tenta obscurecer a identidade “caipira”. Contrariamente a esse comportamento, ao ser questionado sobre o fato de ser “caipira”, este nega. Essa negação da identidade “caipira” diz respeito à forma como o “caipira” é retratado pela mídia, pois o habitante do interior não se reconhece na figura veiculada pelos meios midiáticos, uma vez que este nem sempre mora na zona rural ou possui pouco trato social.

Palavras – chave: “r” retroflexo. Dialeto “caipira”. Identidade. Mídia televisiva. Preconceito linguístico.


ABSTRACT

This study aims to analyze and describe the way as the members from “backwoodsman” dialect and broadcasting media construct the “backwoodsman” identity. As the retroflex variant is a symbol of the way people form “backwoodsman” dialect speak, we made an investigation with 20 speakers from Sales Oliveira and Orlândia, towns from São Paulo State, with the aim of analyzing the use of retroflex variant in formal and less formal communicative situations. This investigation follows the propositions of labovian Sociolinguistics and it includes three parts: interview, text reading and word list reading. In the end of this investigation, the participants answered a questionnaire. Adding to this investigation, some data from media was analyzed too. These data were collected from some soap opera that contained “backwoodsman” characters. This study is also based on the history of “backwoodsman’s life”. The data collected from media showed that “backwoodsman’s characters” were similar to Jeca Tatu, a character created by Monteiro Lobato. At the media, the uses of retroflex variant were associated with characters that lived in the farms. Nevertheless, data from the investigation showed the opposite: in formal situation, where it was expected the use of variants with high social prestige, the interviewed people used more frequently the retroflex variant, so they didn’t hide that they were “backwoodsman”. But, on the contrary, when these people were questioned whether they considered themselves “backwoodsmen”, they said “no”. These people don’t recognize themselves as the way media picture them on television, because not all the “backwoodsmen” live in the farms or are impolite. Although the fact “backwoodsman” has changed over the years, media does not recognize this change.


Keywords: Retroflex “r”. “Backwoodsman dialect”. Identity. Television. Linguistic prejudice.
Tipo Defesa-Mestrado
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APG 2.0
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