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Aluno(a) |
Patricia Magazoni Gonçalves |
Titulo |
Voz narrativa e memória: a busca de identidade pelas protagonistas de Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector e de Lives of Girls and Women, de Alice Munro |
Orientador(a) |
Profa. Dra. Maria das Graças Gomes Villa da Silva |
Data |
24/04/2013 |
Resumo |
Este estudo comparativo tem como objetivo mostrar como se dá a representação da memória no discurso ficcional da escritora canadense Alice Munro e de Clarice Lispector. As narrativas selecionadas, pertencentes, respectivamente, aos volumes Lives of Girls and Women, de 1971, e Felicidade clandestina, também do mesmo ano, evocam o período da infância por meio da memória e mostram que a volta ao passado possibilita a reinterpretação dos acontecimentos e o surgimento de novos significados não pressentidos na época de sua ocorrência, o que influencia na formação da identidade do narrador que reconstrói fatos já consumados em um processo mediado pela linguagem e auxiliado pela imaginação criativa. Adota-se o conceito de memória inconsciente, elemento indispensável para a formação do aparelho psíquico, proposto por Freud em obras como A Interpretação dos Sonhos, O bloco mágico e Recordar, repetir e elaborar. O evento, ao ser trazido para o presente, é atualizado e reelaborado, constituindo um passado que não se mantém fechado e inalterado, mas que se modifica com o tempo. As recordações sofrem um deslocamento espaciotemporal e, longe de serem fieis ao que ocorreu, apresentam associações entre a memória, os contextos externos e as fantasias imaginadas. Além da movimentação pelo relato e da composição de um discurso fragmentado, há um cuidadoso trabalho com a voz narrativa e com o tempo, de modo que as narradoras-protagonistas, em ambos os casos, repetem o que foi vivido, mas de forma elaborada, admitindo atualização e revelação de novos significados e constituindo a memória como algo em processo contínuo de renovação.
Palavras-chave: Alice Munro. Clarice Lispector. Memória. Identidade. Escritura.
ABSTRACT
The aim of this comparative study is to analyze the representation of memory in the fictional discourse of the Canadian writer Alice Munro and the Brazilian Clarice Lispector. The narratives selected belong respectively to the 1971 books Lives of Girls and Women and Felicidade clandestina, and they evoke childhood through memory. As a result, it is noted that the revision of the past makes possible the reinterpretation of the happenings and the appearance of new meanings which were not felt when they occurred, what affects the identitys formation of a narrator who reconstructs facts already passed in a process intermediate by language and by the support of creative imagination. As theoretical support it is used the concept of unconscious memory as a fundamental element in the psychic apparatuss formation, which was proposed by Freud in works such as The Interpretation of Dreams, A Note Upon the Mystic Writing Pad and Remembering, Repeating, and Working Through. The happening when is being brought to the present is updated and re-elaborated, which constitutes a past that is not closed and kept unchanged, but something that changes along with time. The recollections suffer a spatial and temporal dislocation and far from being fair to what happened they present associations between memory, external contexts and imagined fantasies. Beyond the movement registered in the narration and in the composition of a fragmented discourse there is a careful work with the narrative voice and time so that the protagonist in both cases repeat what was experienced but in an elaborated manner which accepts the actualization and the revelation of new meanings that constitute memory as something in a constant process of renovation.
Keywords: Alice Munro. Clarice Lispector. Memory. Identity. Scripture. |
Tipo |
Defesa-Mestrado |
Texto Completo |
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