UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Escolar

Aluno(a) Vanessa Cristina Machado
Titulo O Brincar em uma (In)fância Conectada
Orientador(a) Prof Dr Ari Fernando Maia
Data 04/02/2022
Resumo Esta dissertação teve como objetivo analisar criticamente as formas históricas atuais do
brincar, em especial quando ele se realiza com aparatos digitais. Foi realizada uma
pesquisa bibliográfica e qualitativa que procurou construir uma constelação crítica sobre
o brincar de uma infância inserida na cultura cada vez mais mediada por aparatos digitais.
O jogo e o brincar foram tomados como fenômenos histórico-sociais, tal como as
concepções de infância e de adulto e os brinquedos – os aparatos materiais e simbólicos
que dão suporte ao brincar. A hipótese é que na sociedade atual o brincar e o ritualizar
estejam sendo substituídos pela relação com aparatos que suprimem de si sua ínsita
historicidade, na medida em que se constitui, pela sua mediação, uma condição póshistórica. O universo das imagens técnicas incita um novo Homo Ludens, que é idêntico
a um funcionário que joga segundo regras que não são compreendidas como construções
históricas, resultando em um aprofundamento da crise da experiência, denunciada por
autores da Teoria Crítica. A constelação crítica organizada neste trabalho ressaltou que o
jogo atua em par com o ritual, o primeiro representando a diacronia e o segundo a
sincronia nos processos históricos, ambos essenciais à transmissão para as novas gerações
da tradição, que por essas mediações é simultaneamente introjetada e transformada. A
imersão no jogo por meio de aparatos digitais corresponde a um processo de aceleração
social sem mudança real; sujeita adultos e crianças a imperativos capitalistas de
exploração da subjetividade para fins de lucro e fetichiza tanto a infância como a idade
adulta, tornando a distinção cada vez menos relevante. Para educadores, essas reflexões
podem ser relevantes para pensar o espaço que rituais e jogos devem ocupar na educação,
desfazendo a ilusão de que se deve educar para o trabalho e a vida adulta quando essas
concepções se encontram fetichizadas; também para considerar que o brincar muda suas
características de acordo com os aparatos que lhe dão suporte; finalmente, para considerar
a necessidade de lidar com temporalidades alternativas ao tempo cronológico vazio e
homogêneo na educação.
Palavras-chave: Brincar, Infância, Cultura Digital, Jogos, Rituais.

Abstract: This dissertation aimed to critically analyze the current historical forms of playing,
especially when it takes place with digital devices. A bibliographical and qualitative
research was carried out that sought to build a critical constellation about the play of a
childhood inserted in a culture increasingly mediated by digital devices. The game and
playing were taken as social-historical phenomena, such as childhood and adult
conceptions and toys - the material and symbolic devices that support playing. The
hypothesis is that in today's society, playing and ritualizing are being replaced by the
relationship with apparatuses that suppress their inherent historicity, insofar as a posthistorical condition is constituted through their mediation. The universe of technical
images incites a new Homo Ludens, which is identical to an employee who plays
according to rules that are not understood as historical constructions, resulting in a
deepening of the crisis of experience, denounced by authors of Critical Theory. The
critical constellation organized in this work emphasized that the game works in tandem
with the ritual, the first representing diachrony and the second synchrony in historical
processes, both essential to the transmission process of social acceleration without real
change; it subjects adults and children to capitalist imperatives to exploit subjectivity for
profit and fetishizes both childhood and adulthood, making the distinction less and less
relevant. For educators, these reflections can be relevant to think about the space that
rituals and games should occupy in education, dispelling the illusion that one should
educate for work and adult life when these conceptions are fetishized; also to consider
that playing changes its characteristics according to the devices that support it; finally, to
consider the need to deal with alternative temporalities to the empty and homogeneous
chronological time in education.
Keywords: Play, Childhood, Digital Culture, Games, Rituals.
Tipo Defesa-Mestrado
Texto Completo

APG 2.0
Copyright 2014 (c) UNESP - Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Araraquara