UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Escolar

Aluno(a) Ana Teresa Scanfella
Titulo MUDANÇAS NA ALFABETIZAÇÃO E RESISTÊNCIA DOCENTE NA "VOZ" DE PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: implicações das medidas políticas na prática pedagógica
Orientador(a) Profa. Dra. Maria Regina Guarnieri
Data 28/02/2013
Resumo Esse trabalho teve por objetivo analisar a resistência docente na “voz” de professoras alfabetizadoras em relação às ações políticas voltadas à alfabetização e materializadas em programas de formação continuada que visam alterar as práticas docentes. A prática pedagógica está fundamentada em procedimentos definidos por saberes oriundos de aspectos que compõem a trajetória pessoal e profissional de cada docente. Por isso muitas vezes os professores demonstram resistência às medidas políticas que visam promover mudanças na alfabetização e, para que prevaleçam seus interesses, desenvolvem estratégias para reajustar seu trabalho às determinações oficiais. Autores como Hargreaves, Apple, Meirieu e Birgin contribuíram para fundamentar o que se entende por resistência docente e estratégias adotadas mediante as ações políticas, enquanto autores como Tardif, Borges, Gimeno Sacristán e Soares trouxeram subsídios para embasar as análises referentes aos saberes docentes e práticas pedagógicas. O percurso metodológico baseou-se em procedimentos de abordagem qualitativa. A análise documental procedeu com o estudo de materiais relativos ao Programa de Formação de Professores Alfabetizadores – PROFA/ “Letra e vida” e ao projeto “Estudar pra valer!” implementados por uma Secretaria Municipal de Educação do interior paulista a partir da década de 1990. Estes programas foram analisados com base nas categorias: objetivos, concepções de alfabetização, orientações/procedimentos para o trabalho de alfabetização, atividades e terminologias, o que contribuiu para o levantamento das diferenças e semelhanças entre os mesmos. Por meio de uma investigação de natureza empírica realizou-se, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2012, entrevistas semiestruturadas com seis professoras dos anos iniciais do ensino fundamental experientes, que já alfabetizavam há pelo menos dez anos na rede municipal de ensino lócus desta pesquisa. Os dados levantados foram organizados em quatro eixos de análise: concepções sobre a alfabetização e a docência, reprodução dos discursos oficiais, prática pedagógica fragmentada, indícios de resistência. Nesse último eixo os dados foram analisados em três modalidades: resistência explícita, resistência implícita e ausência de resistência, uma vez que se considerou nuances de resistência na complexidade e dinâmica das ações docentes. Os resultados confirmaram a hipótese de que, baseando-se em práticas alfabetizadoras constituídas por saberes provenientes desde a formação pré-profissional e com a experiência docente, as professoras mostraram-se resistentes ao manterem procedimentos de alfabetização convencionais (apresentação do alfabeto, silabação, coordenação motora, letra cursiva) considerados mais adequados, à revelia das propostas institucionalizadas. No entanto, ao reajustarem suas práticas percebeu-se nuances de resistência ao incorporarem aspectos relacionados ao letramento (leitura e escrita de textos com função social, diversos gêneros e portadores textuais) defendidos pelos programas. Ao reajustarem suas ações com base na experiência e saberes que possuem as professoras descartam o que dificulta seu fazer ao mesmo tempo em que aproveitam alguns elementos diferenciados trazidos pelas propostas de alfabetização. Constatou-se ainda, ao se dar “voz” às professoras, dificuldade para se posicionarem perante a base teórica que tem direcionado suas práticas por meio dos cursos e materiais dos programas, evidenciando a necessidade de se ouvir a “voz” de professores alfabetizadores para se promover melhorias quanto à qualidade da formação docente.
Palavras–chave: Alfabetização. Prática pedagógica. Políticas educacionais. Resistência de professores. Saberes docentes.

ABSTRACT

This study aimed to analyze resistance in teaching under the "voice" of literacy teachers in relation to political actions aimed at literacy and materialized in continuing education programs in order to change teaching practices. The pedagogical practice is based on procedures established by knowledge of matters that make up the personal and professional trajectory of each teacher. So teachers often demonstrate resistance to policy measures aimed at promoting literacy and changes to prevailing interests, develop strategies to readjust his/her work to the official determinations. Authors like Hargreaves, Apple, and Meirieu Birgin contributed to substantiate what is meant by resistance and teaching strategies adopted by political actions, while authors such as Tardif, Borges Soares brought Gimeno Sacristán and subsidies to support analyzes related to teacher knowledge and pedagogical practices. The methodological approach was based on qualitative approach procedures. The documentary analysis proceeded with the study of materials relating to the Educating Program Literacy Teachers - PROFA / "Letra e and vida" and the project "Estudar para valer!" - implemented by a Municipal Education Department of the 1990s. These programs were analyzed based on the categories: goals, concepts of literacy, guidelines / procedures for literacy work, activities and terminologies, which contributed to the lifting of the differences and similarities between them. Through an empirical investigation was conducted during the months of January and February 2012, semi-structured interviews with six teachers of the early years of elementary school experienced already work with literacy for at least ten years in municipal schools - the locus of this research. Data were organized into four areas of analysis: concepts about literacy and teaching, reproduction of the official speeches, fragmented teaching practice, and evidence of resistance. In the latter axis data were analyzed in three ways: resistance explicit, implicit resistance and no resistance, since it is considered nuances of resistance in the complexity and dynamics of teaching actions. The results confirmed the hypothesis that, based on literacy practices consist of knowledge derived from the pre-professional training and experience teaching, the teachers were resistant to maintain literacy conventional procedures (presentation of the alphabet, syllabication, coordination motor, cursive) considered more appropriate in absentia of proposals institutionalized. However, to readjust their practices was perceived nuances of resistance incorporated aspects related to literacy (reading and writing texts with social function, various genres and textual carriers) defended the programs. To readjust their actions based on experience and knowledge that teachers possess and are hard to dismiss do while enjoying some elements that differentiated proposals brought by literacy. It was also, by giving "voice" to teachers, difficulty to position them before the theoretical basis that has focused its practice through courses and materials programs, highlighting the need to hear the "voice" of literacy for teachers to promote improvements in the quality of teacher education.

Keywords: Literacy. Pedagogical practice. Educational policies. Resistance in teaching. Teaching knowledge.
Tipo Defesa-Mestrado
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