UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Escolar

Aluno(a) João Guilherme Rodrigues Mendonça
Titulo Mulher e Criança: ambivalência de dois mundos ditados por especialistas em artigos de revistas destinadas ao grande público entre os anos de 1940 a 1950
Orientador(a)
Data 11/01/2011
Resumo O presente trabalho se propôs a compreender, analisar e interpretar os textos em forma de artigos, produzidos em seções destinadas às mães em revistas voltadas ao grande público entre os anos de 1940 a 1950. As revistas que mantêm seções nesse período discriminado são: Fon Fon, Vamos Ler e A Cigarra. A tese está dividida em dois blocos de diferentes seções. O primeiro bloco retrata a primeira parte da tese, onde se evidencia o aporte teórico sobre o objeto de pesquisa; o segundo bloco representa a segunda parte da tese, que retrata a exploração do objeto de pesquisa a partir das revistas Fon Fon, Vamos Ler e A Cigarra, compreendendo o período de 1940 a 1950. O conjunto dos artigos que compõe as seções dessas revistas, configuram a fonte documental, composta de 213 artigos em que descrevo e analiso as informações, descrições e representações da mulher mãe, caracterizada pelos especialistas, que escreviam a elas, nessas seções específicas destinadas às mães, para o exercício da maternidade. A pesquisa revela que os especialistas que mais frequentemente se dedicaram na editoração de textos e mensagens às mulheres mães foram os médicos. Estes exercem uma verdadeira educação da mulher, visando a função da maternidade; adentram na história familiar, interferindo e fundamentando normas para a rotina da criação do filho, criando uma atmosfera de culpa, diluição da autonomia parental, através da imposição do poder do conhecimento especializado, descredenciando as tradições familiares e locais; desacreditando os pais, os parentes e procurando tomar os espaços dos leigos e das orientações das pessoas mais velhas e próximas da família. Uma autêntica polícia das famílias se instala. Será preciso, então, que essa mulher, que faz parte da elite e representa o público-alvo como leitora dos especialistas, aprenda a ser mãe e a conhecer sua cria, cujos cuidados pertenciam a outra pessoa (escrava, amas de leite, amas secas, babás, empregadas). A mulher e mãe, com essas atribuições, não está pronta, ela precisa ser constituída. Não há por parte dos especialistas médicos a compreensão de que se tenha uma mãe naturalmente com o potencial de exercer o que o ‘método’ médico exige. Outro dado importante constatado revela a idéia de que a criança na família não existe, será preciso que o médico a conceba e a insira no lar, essa é a tese apreendida através do conjunto dos artigos publicados nas revistas Fon Fon, Vamos Ler e A Cigarra. Por fim, os especialistas, escritores dedicados à governança da mulher mãe, deixaram para sempre sua marca intervencionista junto à família das classes mais favorecidas, e fortalecidos pela chancela da ciência médica. Talvez, sem nenhum exagero, possamos reconhecer a medicina como a grande mãe nesse período.

Palavras-chave: história da mulher; história da criança; mídia feminina impressa; mídia impressa; intervenção médica; puericultura.
Tipo Defesa-Doutorado
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