UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Escolar

Aluno(a) Maria José da Silva Fernandes
Titulo ENTRE A CULTURA ESCOLAR E A DOS REFORMADORES: INTERPRETANDO A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E OS PROFESSORES DA ESCOLA ESTADUAL PAULISTA
Orientador(a)
Data 16/12/2008
Resumo Como a maioria das escolas brasileiras, as escolas públicas estaduais paulistas passaram por profundas mudanças oriundas de sucessivas reformas educacionais que se apoiaram em princípios gerencialistas e performáticos que alteraram tanto a organização das escolas quanto o trabalho de seus sujeitos. Introduzida, a partir de 1996, a função de professor coordenador (PC), reivindicação histórica do magistério paulista, foi se transfigurando na figura de um gerente para a implementação das reformas atuais. Considerando tal contexto, esta tese analisa - a partir de estudo tanto documental quanto empírico - as recentes reformas educacionais paulistas e seus impactos sobre os professores e a coordenação pedagógica. A partir da contribuição de pesquisas relacionadas às políticas públicas e trabalho docente em diferentes países, foram analisadas as alterações ocorridas na função mediante a publicação de sucessivas resoluções oficiais no período 1996-2007. Os resultados confirmam que a função, símbolo da democratização das relações do trabalho escolar, foi sendo alterada pelas reformas que promovem tanto o controle do trabalho do professor em sala de aula quanto a imposição de medidas e projetos. A pesquisa empírica, de base qualitativa, recorreu à realização de entrevistas com 30 professores secundários da rede pública, de 22 escolas distribuídas por 3 diferentes Diretorias Regionais de Ensino do interior do estado. A análise quali-quantitativa das entrevistas permitiu dar ‘voz’ aos professores possibilitando construir um panorama geral do cenário paulista pós-reformas educacionais, desvelando uma ‘escola do espetáculo’ controlada pela implantação do ‘bônus mérito’ que tem permitido um desvirtuamento do rumo histórico da educação escolar. Por indicação dos 30 entrevistados, 3 PCs apontados como bem sucedidos foram também investigados mediante a realização de sessões de entrevistas densas e observação do cotidiano escolar em 3 diferentes cidades do estado. Análise do trabalho dos PCs bem sucedidos indica que, apesar de favoráveis às inovações, eles defendem o papel protagonista das escolas e seus sujeitos na definição do trabalho a ser realizado e não atribuem à coordenação um papel de submissão na implantação de projetos oficiais destituídos de relevância educacional. Assim, os bons PCs recorrem a ‘estratégias de enfrentamento’, (re)ajustando as reformas para garantir a especificidade do trabalho da escola secundária e a permanência da cultura escolar. Os resultados apontam que, apesar da fragilidade e precarização do trabalho educativo que decorre das reformas do final do século, os (bons) professores estão resistindo, trabalhando na contradição entre a “cultura dos reformadores” (expressa em princípios e normas performáticas e gerencialistas que sustentam a regulação externa) e a “cultura escolar” que se assenta no protagonismo docente e na tradição histórica do papel da escola. Os bons PCs “reajustam’ as regras oriundas de determinações oficiais e operam mediante novas regulações que preservam e protegem a escola, eles não agem como técnicos que culpabilizam os professores, mas consideram os colegas igualmente sujeitos do trabalho educativo e apostam em ações de articulação do coletivo, cumprindo o papel histórico da coordenação pedagógica.


Palavras-chaves: trabalho docente, reformas educacionais; políticas públicas, gestão escolar; coordenação pedagógica, escola pública; cultura escolar; regulação, magistério; gerencialismo; performatividade.
Tipo Defesa-Doutorado

APG 2.0
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