|
|
Aluno(a) |
Glória Radino |
Titulo |
As transformações da Bruxa na literatura infantil contemporâneas: uma abordagem psicanalítica |
Orientador(a) |
|
Data |
09/02/2007 |
Resumo |
O objetivo da presente pesquisa é analisar a figura da bruxa tal como apresentada na literatura infantil contemporânea selecionada pela Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil FNLJ, em 1998, para compor o acervo das escolas públicas do ensino fundamental no Brasil.
O ponto de partida para a pesquisa foi o levantamento histórico do papel desempenhado pela bruxa, desde a Idade Média até os tempos atuais. A pesquisa histórica permite que se fale em uma oposição entre uma bruxa tradicional e uma bruxa contemporânea. O conhecimento acumulado pela psicanálise, a partir de Sigmund Freud, oferece o suporte teórico necessário ao desenvolvimento da pesquisa. Resulta dessa investigação sobre o psiquismo, desde Freud, que a bruxa é tradicionalmente um elemento mítico e do cosmo maniqueísta; da sexualidade humana em toda a sua amplitude de expressão das pulsões de vida e de morte. A bruxa expressa, enquanto personagem, a realidade psíquica (o inconsciente), o universo do desejo humano numa significação materializada. A bruxa coloca-nos diante do desamparo, da solidão e da morte, ao mesmo tempo que recria a vida no universo da fantasia. A figuração tradicional da bruxa tem papel educativo porque expõe a criança a dificuldades fundamentais do ser humano. Enquanto isso, a bruxa contemporânea, apesar de manter a onipotência torna-se humanizada, compartilha com os mortais os problemas do cotidiano e se apresenta com características de de bondade e de maldade, expondo uma crise de representação. O encontro de uma bruxa banalizada, desinvestida do misticismo e do mistério, fragmentada e distanciada das emoções mais primitives, dá visibilidade a uma tendência contemporânea de ensaio e fuga do irracional. Destituir a bruxa de seus atributos mágicos, diz respeito a uma busca de controle total do desconhecido criando a ilusão do conhecimento total, num movimento de recriação da onipotência. Trata-se da razão cínica. As narrativas analisadas permitem constatar que os mistérios que rodeiam a bruxa permanecem apesar das tentativas de fuga do irracional, especialmente pelo pensamento científico; deixa-se escapar o que se pretenderia manter soterrado. Isto é, a bruxa não desempenha bem seu novo papel. Ao provocar riso, estranhamento, aludindo a uma figura estranhamente familiar, a personagem serve como via de expressão de novas fantasias mantendo a riqueza de sua tradicional significação. Para adentrar o mundo novo, disfarça-se. A tentativa de impedir a vivência e a manifestação de angústia é clara, mas não tão claro o sucesso da empreitada.
Palavras-chave: Bruxa. Literatura infantil. Psicanálise. Educação escolar. |
Tipo |
Defesa-Doutorado |
|
|
|
|