UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Ciências Sociais

Aluno(a) Camilla Marcondes Massaro
Titulo Trabalho em tempos de crise: a superexploração do trabalho penal nos Centros de Ressocialização Femininos do Estado de São Paulo
Orientador(a) Profª Drª Maria Orlanda Pinassi
Data 15/07/2014
Resumo O interesse de análise da pesquisa apresentada abrange as diversas dimensões do trabalho penitenciário realizado por mulheres presas em três unidades de Centros de Ressocialização (CR) para cumprimento de pena em regime fechado no Estado de São Paulo. Uma das intenções deste estudo é procurar compreender as razões que incidem sobre o atual processo de encarceramento em massa e o interesse de diversas empresas em oferecer postos de trabalho a essa população. Pressupomos que o fenômeno decorre da necessidade que o sistema do capital tem de minimizar os efeitos mais negativos da crise estrutural que o acomete advindos, sobretudo, das transformações que as políticas neoliberais vêm provocando sobre as esferas produtiva e subjetiva da classe-que-vive-do-trabalho. A escolha pela análise desse processo nos CR femininos se justifica por dois motivos fundamentais: para que possamos apreender os desdobramentos da crise hodierna é necessário voltar o olhar para o segmento mais prejudicado por esse processo, o das mulheres. É a elas que cabe o trabalho mais desqualificado, nas piores condições de estrutura, jornada e remuneração. Além disso, a maioria das mulheres presas atualmente cometeu alguma infração relacionada ao tráfico de entorpecentes, em grande parte das vezes por ligação com o companheiro, filho, tio, pai ou algum homem da família, o que ressalta ainda a condição de opressão de gênero em nossa sociedade. O segundo motivo vem do fato de que aceitar um posto de trabalho é condição essencial para ser aceita no CR, local menos nefasto para as internas do que as prisões femininas comuns. Neste sentido, através de entrevistas com mulheres presas, gestoras das unidades, representantes das empresas, do Estado e da Pastoral Carcerária buscamos entender os distintos sentidos que essa atividade imposta pelo capital adquire no interior da prisão. Tudo indica que estamos diante de mais uma contradição social criada pelo sistema, pois, se, do lado de fora dos muros, o trabalho subsumido ao capital tem no tripalium, ou seja, o castigo, a tortura, o seu significado mais sensível para os sujeitos que trabalham, no contexto da prisão, o trabalho, mesmo ampliando e reforçando aquele significado, e ainda mais afetado pela desregulamentação dos direitos, funciona como o elemento que aproxima essas mulheres da liberdade.


Palavras-chave: Trabalho penal. Encarceramento em massa. Feminização do trabalho. Sistema penitenciário. Centro de ressocialização. Crise estrutural.











ABSTRACT

The analysis’ interest of this research covers various dimensions of women’s prison labor. We studied women who are sentenced to closed regime in three Social Rehabilitation Centers (SRC) of the State of São Paulo. One of the intentions is to try to understand the reasons which affect the current mass incarceration process and the interest of several companies in offering jobs for this population. We assume that the phenomenon arises from the needs of the capital system for minimizing the most negative effects of the structural crisis that affects itself; these effects are due to the transformations that neoliberal policies cause on the production and subjective spheres of the working class. The choice of analyzing these processes in women’s SRCs is justified by two main reasons: in order to learn about the ramifications of today’s crisis it is necessary to look back at the sector that was most affected by this process – women’s sector. They bear the most unqualified labor, under the worst conditions of structure, working time and wages. Besides that, most female prisoners have committed some offense related to drug dealing, most of the times because of their partner, or their son, uncle, father or some other male family relative, which further highlights the gender oppression conditions in our society. The second reason comes from the fact that accepting a job position is an essential condition to being accepted in the SRC (which is a less cruel place for the inwards than the ordinary women’s prisons). Thus, we tried to understand the different senses this activity (that is imposed by capital) has within the prison, through interviews with female prisoners, unit managers, representatives from companies, from the State and from Prison Pastoral. Everything shows we are facing another social contradiction created by this system. Outside the walls, the work subsumed to capital has (for the workers) its most sensitive meaning related to the tripalium – the punishment, torture; inside the prison, (although it amplifies and reinforces that evil sense, affected by the rights’ dysregulation) labor is the element that brings these women closer to freedom.


Keywords: Penal labor. Mass incarceration. Feminization of labor. Penitentiary system. Social rehabilitation center. Structural crisis.
Tipo Defesa-Doutorado
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APG 2.0
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