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Aluno(a) |
Isabela Martins de Morais e Silva |
Titulo |
É, NÃO SOU: ensaios sobre os afro-sambas no tempo e no espaço |
Orientador(a) |
Prof. Dr. Dagoberto José Fonseca |
Data |
26/02/2013 |
Resumo |
A presente dissertação coloca em perspectiva os resultados de um processo aberto de investigação poético-política sobre o álbum conceitual de canção popular “Os afro-sambas de Baden e Vinicius”, Longplay gravado em 1966 pelo selo carioca Forma, sob a direção de Guerra-Peixe e produção de Roberto Quartin. Os ensaios de interpretação e análise aqui realizados compreendem tanto a atenção formal ao “texto” da parceria musical – as canções do compositor e violonista Baden Powell e do letrista e poeta Vinicius de Moraes – quanto à compreensão ampliada do “con-texto” do tempo-e-espaço em seu devir. Por um lado, trata-se de uma aproximação analítica e material-sensível a elementos de melodia e letra de cada uma das canções – de Canto de Ossanha ao Lamento de Exu –, que se valem dos estudos culturais (Raymond Williams), da filosofia da linguagem «dialético-dialógica» (Mikhail Bakhtin) e da semiótica da canção (Luiz Tatit). Por outro, tem a ver com um distanciamento histórico-crítico e sintético a coordenadas históricas e estruturas de sentimento de uma determinada conjuntura da formação sociocultural brasileira, compreendendo forma e conteúdo em sua inter-relação indissociável.
Para além do exame de um objecto, o ato responsável da investigação busca o diálogo com o subjecto, partindo da compreensão (e relação) dos diferentes cronotopos tanto da sujeita pesquisadora quanto da produção estética d’os afro-sambas. Não se trata de questionar a sua consistência musical ou mesmo julgar sua “autenticidade” seja em termos étnico-raciais, religiosos ou ainda de classe social. E nem tomar tais julgamentos a seu respeito como a priori das questões feitas ao álbum. Trata-se, antes, de um exercício de compreensão ativa que mobiliza desde teorias musicais até a sociologia da religião, passando pela escuta sintética e analítica de frases melódicas à assistência de filmes e entrevistas. O caráter aberto e inacabado da compreensão encontra no ensaio como forma (Theodor Adorno) a perspectiva de exposição das reflexões, à medida que nega tanto um objetivismo cientificista quanto um esteticismo subjetivista. Tal procedimento contempla a sujeita pesquisadora na sua unidade, sem negar à cientista social a faceta da intérprete musicista, e vice-versa, em sua diversidade.
Procura-se compreender as condições sócio-históricas que possibilitaram a produção cultural dos afro-sambas, inserindo-os na história do samba fonográfico, assim como no ambiente de estrutura de sentimento de brasilidade romântico-revolucionária do período que, no âmbito da criação musical, vai desde a Bossa Nova, passando pela canção engajada até a gênese da MPB. Da mesma forma em que se faz necessário um entendimento das religiosidades afro-brasileiras e das cosmogonias africanas, Sudanesa e Banto, das quais descendem, e sua forte relação com a música. Situa-se, então, especificamente o vir-a-ser dos afro-sambas, desde sua concepção até a gravação do álbum. Os ensaios sobre a canção, o aprofundamento das questões suscitadas pelo “texto” das religiosidades afro-brasileiras e a percepção de um conceito que perpassa todo LP, a dialética viniciana, culminam o movimento. Como um balanço geral, apontamos alguns dos ecos, repercussões, ressonâncias e reverberações do disco na música, não tão-só brasileira, como também na trajetória dos seus compositores.
Palavras-chave: Afro-Sambas. Canção Popular. Baden Powell. Vinicius de Moraes. MPB |
Tipo |
Defesa-Mestrado |
Texto Completo |
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