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Aluno(a) |
Letícia Gaspar Pinto |
Titulo |
“O que que nói vai fazê cuisso?”: Um estudo sobre alternância pronominal e significados sociais em Muzambinho-MG e em Cabo Verde-MG |
Orientador(a) |
Profa. Dra. Rosane de Andrade Berlinck |
Data |
04/02/2022 |
Resumo |
Com base na Teoria de Variação e Mudança Linguísticas, este trabalho estuda as falas de
Muzambinho-MG e Cabo Verde-MG, ambas conhecidas por suas características rurais. O
fenômeno linguístico analisado é a alternância entre as formas pronominais que representam a
1ª pessoa do plural na posição de sujeito. Selecionamos esse objeto de estudo pelo fato de que,
além da variação entre nós e a gente, percebemos também que há uma variação fonológica,
visto que os habitantes dessa região fazem o uso das variantes “nóis” e “nói”. Os objetivos
gerais desta pesquisa são estabelecer localmente os significados sociais das formas em variação,
e verificar se há um possível processo de mudança linguística em tais usos. Para isso,
analisamos, comparativamente, a fala de informantes com faixas etárias distintas e não
contínuas, e identificamos quais são os fatores que explicam os usos das formas variantes:
linguísticos e extralinguísticos. Foi construída uma amostra de entrevistas sociolinguísticas com
24 informantes, sendo 12 de cada município, de diferentes faixas etárias, divididos entre
homens e mulheres, com níveis de escolaridade distintos. Para acessar os significados sociais,
houve a aplicação de um questionário de reações subjetivas. A partir disso, verificou-se uma
oposição entre nói e a gente, uma vez que um mesmo falante, quando utiliza a variante nói, é
avaliado como pouco escolarizado, caipira e morador de bairros rurais, e quando utiliza a gente,
é considerado escolarizado, de classe social alta e morador de condomínios fechados. Em
relação às análises de produção linguística, percebeu-se que as duas comunidades se
diferenciam na distribuição de uso dos pronomes: em Cabo Verde, há um equilíbrio entre as
variantes, havendo 51% de nós e 49% de a gente; já em Muzambinho, há um maior uso de a
gente (58%). Além disso, ao incluir as variantes fonológicas de nós na análise, observamos que,
em ambas as cidades, a variante nós é pouco utilizada, estando restrita ao falar de pessoas com
ensino superior das faixas etárias 2 (35-50 anos) e 3 (mais de 60 anos). Quanto à variante a
gente, em Cabo Verde, ela é mais usada: por mulheres e pelas pessoas das faixas etárias 2 (35-
50 anos) e 3 (mais de 60 anos) e, em Muzambinho: por pessoas graduadas; e, também, por
indivíduos das faixas 2 (35-50 anos) e 3 (mais de 60 anos). Por outro lado, a variante nói é mais
utilizada, em Cabo Verde, por homens e por jovens (18-25 anos) e, em Muzambinho, por
pessoas sem ensino superior e por jovens (18-25 anos).
Palavras-chave: Pronomes de primeira pessoa do plural. Significados sociais. Variação e
mudança linguística.
Abstract: Based on the Theory of Language Variation and Change, this work studies the speech of
Muzambinho-MG and Cabo Verde-MG, both known for their rural characteristics. The
linguistic phenomenon analyzed is the alternation between the pronominal forms that represent
the 1st person plural in the subject position. We selected this object of study because, in addition
to the variation between nós and a gente, we also noticed that there is a phonological variation,
since the inhabitants of this region make use of the variants “nóis” and “nói”. The general
objectives of this research are to establish locally the social meanings of the forms in variation,
and to verify if there is a possible process of linguistic change in such uses. For this, we
comparatively analyzed the speech of informants with different and non-continuous age groups,
and we identified which are the linguistic and social factors that explain the uses of variant
forms. A sample of sociolinguistic interviews was built with 24 informants, 12 from each city,
of different age groups, divided between men and women, with different levels of schooling.
To access the social meanings, a questionnaire of subjective reactions was applied. From this,
there was an opposition between nói and a gente, since the same man, when using the nói
variant, is perceived as poorly educated, country dweller and resident of rural neighborhoods,
and when using a gente, is considered educated, of high social class and resident of closed
condominiums. Regarding the analysis of linguistic production, it was noticed that the two
communities differ in the distribution of use of pronouns: in Cabo Verde, there is a balance
between the variants, with 51% of nós and 49% of a gente; on the other hand, in Muzambinho,
there is a greater use of a gente (58%). Furthermore, when including the phonological variants
of nós in the analysis, we observed that, in both cities, the variant nós is little used, being
restricted to people with higher education in age groups 2 (35-50 years) and 3 (over 60 years).
As for a gente, in Cabo Verde, it is most used: by women and people aged 2 (35-50) and 3 (over
60) and, in Muzambinho: by graduates; and also by individuals in groups 2 (35-50 years old)
and 3 (over 60 years old). On the other hand, noi is more used, in Cabo Verde, by men and
young people (18-25 years old) and, in Muzambinho, by people without higher education and
by young people (18-25 years old).
Keywords: First person plural pronouns. Social meanings. Variation and linguistic change. |
Tipo |
Defesa-Mestrado |
Texto Completo |
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