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Aluno(a) |
Felipe Aleixo |
Titulo |
Orações Condicionais na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS): uma análise funcionalista |
Orientador(a) |
Profa Dra Angelica Terezinha Carmo Rodrigues |
Data |
27/05/2021 |
Resumo |
Resumo: Nesta pesquisa, tivemos o objetivo geral de descrever e analisar, partindo de uma perspectiva
funcionalista, como as relações de condicionalidade podem ser expressas na Libras partindo de
produções naturais de uso, extraídas do Corpus de Libras da UFSC. Nesse sentido, observamos
como as orações condicionais são elaboradas em discursos naturais, seja a partir de um enlace
conjuntivo, em que há o uso das conjunções manuais SE e EXEMPLO, seja por um enlace
justaposto, quer dizer, em que marcadores não manuais explicitam esse uso. De modo
específico, buscamos apontar quais marcadores não manuais gramaticais estão associados à
expressão de condicionalidade, relacionando-os aos diferentes tipos de condicionais que
identificamos na Libras seja seguindo critérios semânticos, em que observamos os graus de
hipoteticidade, seja seguindo os parâmetros de seus domínios de uso, tal como Sweetser (2002)
e Dancygier (2003) sugerem. Ainda, avaliamos a ordem das condicionais, considerando suas
possíveis motivações quanto ao uso dos constituintes condicionais codificados como tópicos
ou adendos (FORD; THOMPSON, 1986; HIRATA, 1999). Para isso, recolhemos 64
ocorrências de condicionais da Libras e partimos para uma análise quali-quantitativa,
considerando, como grupos de fatores: critérios formais, ao identificar marcadores manuais e
não manuais que apresentam um padrão de uso nessas orações, bem como ao observar a ordem
dos constituintes, relacionando-os ao tipo de informação que veiculam; critérios semânticos, ao
observar os sentidos expressos quanto ao grau de hipoteticidade; critérios semânticopragmáticos,
ao observar a relação de sentido das condicionais quanto aos domínios de uso. Os
resultados obtidos permitem-nos atestar que: (i) o uso mais prototípico das condicionais na
Libras é o arqueamento das sobrancelhas sobre a prótase, juntamente com a produção do
mouthing de “si” e com a projeção da cabeça para a frente. Isso pode ser seguido por um piscar
de olhos que demarca a passagem do constituinte antecedente para o consequente; na apódose,
há uma mudança no formato das sobrancelhas, bem como uma mudança na inclinação da
cabeça. Esses usos podem, todavia, sofrer influência de outras funções no discurso, o que pode
alterar, também, a sua realização. (ii) A anteposição, ou seja, a sequência prótase > apódose,
tem uso mais representativo no uso da Libras; a posposição, todavia, não é agramatical. As
prótases das condicionais antepostas veiculam informações dadas/inferíveis; as das
condicionais pospostas, em contrapartida, apresentam, sempre, uma relação de novidade. Nesse
sentido, as prótases das condicionais antepostas funcionam como tópicos das sentenças em que
ocorrem, ao passo que as pospostas funcionam como adendos restritivos. (iii) Quanto aos graus
de hipoteticidade das orações condicionais, nossos dados demonstram a impossibilidade de
distribuí-las em grupos discretos, uma vez que muitos usos de MNM e de outros sinais manuais
se sobrepõem às ocorrências. Sendo assim, propusemos uma análise a partir de um continuum,
em que situações que se estabelecem mais próximas do polo esquerdo demonstram noções
+factuais, e, à medida que “caminham” pelo continuum, passam a ter uma interpretação
+hipotética. Logo, quanto mais à direita do continuum, menor a possibilidade de realização (-
factual). (iv) Com relação aos domínios de uso, identificamos ocorrências para os quatro
grupos, a saber, de conteúdo, epistêmico, de atos de fala e metatextual. Com relação aos tipos
de usos (de conteúdo, epistêmico, de atos de fala e metatextual), não confirmamos nossa
hipótese de que há marcadores específicos para esses usos.
Palavras-chave: Orações Condicionais. Libras. Perspectiva funcionalista. Condicionalidade.
Línguas de Sinais.
Abstract: In this thesis, whose general objective is to describe and analyze, from a functionalist
perspective, how the relations of conditionality can be expressed in Libras at natural
productions of use, extracted from the Libras Corpus of UFSC. In this sense, we observe
conditional sentences elaborated in natural speeches, either from a conjunctive link, in which
there is the use of manual conjunctions SE and EXEMPLO, or through a juxtaposed link, in
which the use of non-manual markers makes explicit this use. Specifically, we seek to point out
which non-manual grammatical markers are associated with the expression of conditionality,
relating them to the different types of conditionals that we identify in Libras, either by following
semantic criteria, in which we observe the degrees of hypotheticality, either by following the
parameters of their domains of use, as Sweetser (2002) and Dancygier (2003) suggest. We still
evaluated the order of conditionals, considering their possible motivations regarding the use of
conditional constituents coded as topics or addendums (FORD; THOMPSON, 1986; HIRATA,
1999). For this, we collected 64 conditionals of Libras occurrences and started a qualiquantitative
analysis, considering, as groups of factors: formal criteria, when identifying
manual and non-manual markers that present a pattern of use in these sentences, as well as
observing the order of constituents, relating them to the type of information they convey;
semantic criteria, when observing the meanings expressed as to the degree of hypotheticality;
semantic-pragmatic criteria, when observing the relation of meaning of the conditionals
regarding the domains of use. The obtained results allow us to attest that: (i) the most
prototypical use of conditionals in Libras is the arching of the eyebrows over the prosthesis,
together with the production of the “si” mouthing with the projection of the head forward. This
can be followed by a blink of an eye that marks the passage from the previous constituent to
the consequent; in apodosis, there is a change in the shape of the eyebrows, as well as a change
in the head’s inclination. These uses can, however, be influenced by other functions in the
speech, which can also change its performance. (ii) The preposition, that is, the protease
sequence> apodosis, has more representative use in Libras; the postposition, however, is not
ungrammatical. The proteases of the preconditioned conditionals convey given / inferable
information; those of the postponed conditionals, on the other hand, always present a
relationship of novelty. In this sense, the proteases of the prepositional conditionals function as
topics of the sentences in which they occur, whereas the postpositions function as restrictive
addenda. (iii) Regarding the degrees of hypotheticality of the conditional sentences, our data
demonstrate the impossibility of distributing them in discrete groups, since many uses of MNM
and other manual signs overlap the occurrences. Therefore, we proposed an analysis based on
a continuum, in which situations that are closer to the left pole demonstrate notions + factual,
and, as they “walk” through the continuum, they come to have a + hypothetical interpretation.
Therefore, the further to the right of the continuum, the less the possibility of realization (-
factual). (iv) Regarding the domains of use, we identified occurrences for the four groups,
namely, content, epistemic, of speech acts and metatextual. Regarding the types of uses
(content, epistemic, of speech acts and metatextual), we do not confirm our hypothesis that
there are specific markers for these uses.
Keywords: Conditionals Clauses. Libras. Functionalist perspective. Conditionality. Sign
language. |
Tipo |
Defesa-Doutorado |
Texto Completo |
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