UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Eliabe dos Santos Procopio
Titulo ANÁLISE RETÓRICA DO GÊNERO TRATADO DE FRONTEIRA - BRASIL E PAÍSES SUL-AMERICANOS
Orientador(a) Maria Helena de Moura Neves
Data 22/04/2020
Resumo Resumo: Esta pesquisa filia-se aos Estudos Retóricos do Gênero (MILLER, 1984; SWALES, 1990;
BHATIA, 1993; BAZERMAN, 2005) e à Retórica da Situação (BURKE, 1950; 1951;
BITZER, 1968), com o objetivo de analisar o Tratado de Fronteira como um gênero que
responde às demandas sociais da situação retórica do estabelecimento de fronteira entre o
Brasil e os países sul-americanos. A metodologia geral desta pesquisa compõe-se de 4 partes,
cada uma delas relacionada a um objetivo específico, que são: (i) seleção do corpus – para
selecionar um fragmento histórico-social e nele descrever o processo da tipificação da retórica
de fronteiras; (ii) identificação do propósito comunicativo – para definir o Tratado de
Fronteira, que é um gênero elaborado por um grupo de pessoas motivadas por uma demanda
social; (iii) elaboração dos sistemas de gêneros tratadísticos – para reconstruir a situação
retórica do estabelecimento de fronteiras e traçar o percurso da criação e validação social
(legal e administrativa) do gênero Tratado de Fronteiras; e (iv) descrição da composição
linguístico-textual – para caracterizar o Tratado de Fronteira como gênero textual com base
em suas principais marcas linguísticas regularizadas e compartilhadas entre os Tratados. O
corpus desta pesquisa está composto de 18 Tratados de Fronteira, que foram celebrados pelo
Brasil e os países sul-americanos, entre os anos de 1851 a 1981. Os resultados alcançados por
esta pesquisa mostram que: (1) o gênero Tratado de Fronteira é o acordo escrito e formal entre
dois sujeitos internacionais, formado por uma constelação de enunciados performativos, que
realizam a ação social de estabelecer delimitações territoriais; (2) a celebração de cada um dos
Tratados forma um conjunto de gêneros, que se organizam em 6 grupos configurando um
sistema de gêneros; (3) cada sistema de gêneros reflete uma situação retórica cuja demanda é
a delimitação, cada um dos grupos de gêneros reflete um evento dessa situação (negociação,
adoção do texto, assinatura etc.), reunindo os gêneros que viabilizam a criação e a validação
do Tratado nas esferas institucionais; (4) a composição textual dos Tratados é formada por 5
unidades retóricas, que são o título, o preâmbulo, a articulação substancial e a articulação
final; (5) essa composição textual é retórica, porque resulta de um trabalho coletivo, realizado
reiteradamente nas esferas de uso do gênero Tratado e estabilizado por seus usuários; (6) cada
uma dessas unidades retóricas está composta de subunidades, exceto a intitulação, e apresenta
um estilo linguístico específico. A articulação substancial, por exemplo, que é a parte
compromissiva do Tratado, se caracteriza por uma organização textual hierárquica entre
aquilo que vem na cabeça no artigo e nos desdobramentos articulares, estabelecendo uma
escala de força retórica. A função textual injuntiva sobressai por configurar todo o conteúdo
semântico dos enunciados da articulação substancial e, principalmente, por ser uma
propriedade inerente ao gênero Tratado de Fronteira.
Palavras-chave: Tratado de Fronteira. Gênero. Sociorretórica. Retórica Situacional.

Abstract: This research is affiliated with Rhetorical Gender Studies (MILLER, 1984; SWALES, 1990;
BHATIA, 1993; BAZERMAN, 2005) and the Situational Rhetoric (BURKE, 1950; 1951;
BITZER, 1968) in order to analyze the Frontier Treaty as a genre which responds to the social
demands of the rhetorical situation of the establishment of borders between Brazil and South
American countries. The general methodology of this research consists of 4 parts, each related
to a specific objective, which are: (i) corpus selection - to select a historical-social fragment
and describe it in the process of typifying the rhetoric of borders; (ii) identification of the
communicative purpose - to define the Frontier Treaty, which is a genre elaborated by a group
of people motivated by a social demand; (iii) elaboration of treatise genre systems - to
reconstruct the rhetorical situation of the establishment of borders, and trace the path of
creation and social (legal and administrative) validation of the genre Frontier Treaty; and (iv)
description of the linguistic-textual composition - to characterize the Frontier Treaty as a
textual genre based on its main linguistic marks regularized and shared among the Treaties.
The corpus of this research is composed by 18 Frontier Treaties, which were celebrated by
Brazil and South American countries, from 1851 to 1981. The results achieved by this
research show that: (1) the genre Frontier Treaty is the written and formal agreement between
two international subjects, formed by a constellation of performative statements, which carry
out the social action of establishing territorial boundaries; (2) the celebration of each of the
Treaties forms a set of genres, which are organized into 6 groups configuring a system of
genres; (3) each gender system reflects a rhetorical situation whose demand is delimitation,
each gender group reflects an event of that situation (negotiation, acceptance of the text,
signature etc.), bringing together the genres that make possible the creation and validation of
the Treaty in the institutional spheres; (4) the textual composition of the Treaties consists of 5
rhetorical units, which are the title, the preamble, the substantial articulation and the final
articulation; (5) this textual composition is rhetorical, because it results from a collective
work, carried out repeatedly in the spheres of use of the genre Treaty and stabilized by its
users; (6) each of these rhetorical units is made up of subunits, except the title, and it has a
specific linguistic style. The substantial articulation, for instance, which is the compromising
part of the Treaty, is characterized by a hierarchical textual organization between what comes
to the head of the article and in joint developments, establishing a scale of rhetorical strength.
The injunctive textual function stands out for configuring all the semantic content of the
statements of the substantial articulation and, mainly, for being a property inherent to the
genre Frontier Treaty.
Keywords: Frontier Treaty. Genre. Sociorethoric. Situational Rhetoric.

Resumen: Esta investigación se afilia a los Estudios Retóricos de Género (MILLER, 1984; SWALES,
1990; BHATIA, 1993; BAZERMAN, 2005) y a la Retórica de la Situación (BURKE, 1950;
1951; BITZER, 1968) con el objetivo de analizar el Tratado de Frontera como un género que
contesta a demandas sociales de situación retórica de establecimiento de frontera entre Brasil
y países suramericanos. La metodología general de esta investigación se compone de 4 partes,
cada una corresponde a un objetivo específico, que son: (i) selección del corpus – para
seleccionar un fragmento histórico-social y describir el proceso de tipificación de fronteras;
(ii) identificación del propósito comunicativo – para definir el Tratado de Frontera, que es un
género elaborado por un grupo de personas motivada por una demanda social; (iii)
elaboración de los sistemas de género tratadísticos – para reconstruir la situación retórica del
establecimiento de fronteras y delinear el recorrido de la creación y validación social (legal y
administrativa) del género Tratado de Fronteras; y (iv) descripción de la composición
lingüístico-textual – para caracterizar el Tratado de Frontera como género textual con en
función de sus principales rasgos lingüísticos regularizados y compartidos entre los Tratados.
El corpus de esta investigación se compone de 18 Tratados de Frontera, que fueron celebrados
por Brasil y países suramericanos, entre los años 1851 a 1981. Los resultados obtenidos por
esta investigación muestran que: (1) el género Tratado de Frontera es el acuerdo escrito y
formal entre dos sujetos internacionales, formado por una constelación de enunciados
performativos, que realizan una acción social de establecer delimitaciones territoriales; (2) la
celebración de cada uno de los Tratados forma un conjunto de géneros, que se organizan en 6
grupos configurando un sistema de géneros; (3) cada sistema de géneros refleja una situación
retórica cuya demanda es la delimitación, cada uno de los grupos de géneros refleja un evento
de esa situación (negociación, adopción de texto, firma etc), reuniendo los géneros que
posibilitan la creación y la validación del Tratado en las esferas institucionales; (4) la
composición textual de los Tratados se compone de 5 unidades retóricas, que son el título, el
preámbulo, la articulación sustancial y la articulación final; (5) esa composición textual es
retórica porque resulta de un trabajo colectivo, realizado reiteradamente en las esferas de uso
del género Tratado y estabilizado por sus usuarios; (6) cada una de esas unidades retóricas se
compone de subunidades, salvo la intitulación y presenta un estilo lingüístico específico. La
articulación sustancial, por ejemplo, que es la parte compromisiva del Tratado, se caracteriza
por una organización textual jerárquica entre lo que viene en el caput del artículo y en las
extensiones articulares, estableciendo una escala de fuerza retórica. La función textual
obligativa sobresale por configurar todo el contenido semántico de los enunciados de la
articulación sustancial y, principalmente, por ser una propiedad inherente al género Tratado
de Frontera.
Palabras clave: Tratado de Frontera. Género. Sociorretórica. Retórica Situacional.
Tipo Defesa-Doutorado
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