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Aluno(a) |
Camila Cristina de Oliveira Alves |
Titulo |
Entre beats, remixes e vozes: identidade e interdiscursividade na Música de Periferia |
Orientador(a) |
Profa. Dra. MARINA CELIA MENDONÇA |
Data |
31/07/2017 |
Resumo |
Neste trabalho procuramos apresentar uma reflexão analítica de uma arte que utiliza a retomada de enunciados como base fundamental de seu discurso, nos pautando no pensamento filosófico de uma teoria que se constitui por meio do diálogo linguístico. Tendo como objeto de pesquisa um recorte da música eletrônica brasileira de periferia e como teoria linguística a análise do discurso bakhtiniana, nossa hipótese é de que o universo sociocultural periférico apresenta um contexto que propicia e faz circular formas similares de discurso estético. Esses enunciados concretos, por sua vez, são representativos e refletem/refratam a periferia e os sujeitos que nela vivem em vozes sociais participantes desse discurso. Nossos objetivos gerais consistiram em demonstrar, por meio da análise dos enunciados musicais, como os recursos estilísticos e composicionais dos gêneros Rap, Funk e Tecnobrega, materializam a ideologia da periferia e produzem interação entre sujeitos periféricos, através de efeitos de sentidos que (re)afirmam identidades por meio de vozes sociais na linguagem. Nossos objetivos específicos foram observar: i) a cultura do remix como uma ferramenta de dialogicidade e incorporação ideológica do discurso alheio; ii) a periferia como um espaço que orienta socialmente esses discursos; iii) como no ato de representação de identidades e disputa interna de forças centrípetas e centrífugas a polêmica social aparece carnavalizada nas canções. Nosso corpus é composto por seis canções principais e mais três que servem de suporte para o discurso citado por meio da remixagem em algumas análises. As canções analisadas são duas de cada gênero musical e de autoria dos seguintes artistas: GOG e Rico Dalasam (Rap); MC Carol e MC Xuxú (Funk); Los Bregas e Gaby Amarantos (Tecnobrega). Buscamos contribuir com a análise discursiva da canção de periferia, levando em consideração a sua composição artística em recursos eletrônicos que possibilitam um “jogo” com o diálogo como recurso estético-musical, vista de uma perspectiva linguística e discursiva. Desse modo, tentamos contribuir também para o alargamento da utilização dos estudos bakhtinianos para outras linguagens, que não apenas a literária, verbal ou verbo-visual, mas também a utilização da filosofia da linguagem na música pop periférica neste momento histórico e social pós-moderno, permeado de convergências tecnológicas e hibridismo cultural. Os resultados que obtivemos alcançaram os objetivos de nossa pesquisa e confirmaram a nossa hipótese de que a periferia produz sua própria arte, num fazer multiculturalista e criativo que conversa com interlocutores específicos, embora diversos, e faz isso por meio de discursos que priorizam o plurilinguismo ou citação do discurso alheio através do remix; orienta socialmente esses enunciados em tom familiar para sujeitos que fazem parte da comunidade onde esses gêneros são expressão cultural, ao mesmo tempo que se dirige a interlocutores de outras camadas sociais de modo conflituoso e polêmico; e na expressão material desses enunciados representa ideologicamente identidades que seguem em exclusão social por meio da inversão de valores carnavalizando discursos oficiais
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Tipo |
Defesa-Doutorado |
Texto Completo |
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