UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Fernanda Elias Zucarelli
Titulo Ditongos e Hiatos nas cantigas medievais galego-portuguesas
Orientador(a)
Data 13/03/2002
Resumo Este trabalho visa estudar os encontros de vogais na escrita do Português Arcaico (de agora em diante PA), no seu período trovadoresco, em busca de seus status dentro do sistema fonológico da língua. Foram focalizados todos os encontros entre vogais no interior de palavras, com o objetivo de definir se se está diante de ditongos ou hiatos.
Para que tal trabalho pudesse ser feito, foi necessário, previamente, um estudo das principais características do PA e de seu sistema fonológico, antes de selecionar o corpus. Posteriormente, com base na análise da estruturação métrica das cantigas escolhidas, foi possível decidir, para cada encontro vocálico, se se tratava de um ditongo ou de um hiato no nível fonético.
Feitos o levantamento e a classificação dos encontros vocálicos, foi possível analisar e interpretar os dados, utilizando a Fonologia Não-Linear, em especial, o modelo métrico, que trata da estrutura da sílaba e, assim, chegar a conclusões sobre a estruturação silábica do português da época - inclusive, foi sugerida uma planilha silábica para o PA que contém apenas uma posição no núcleo - e organizar hipóteses, possíveis interpretações para os encontros vocálicos no nível fonológico.
Finalmente, foi possível concluir que o tipo de encontro vocálico mais comum em PA, não por coincidência, é também o ditongo (foram constatados no corpus 722 ditongos e 123 hiatos), o mais comum no Português Brasileiro atual. Mas, é preciso ressaltar que o PA tolera os hiatos (inclusive não aceita outra solução, em alguns casos) enquanto o Português Brasileiro os evita. Os tipos menos comuns de encontros vocálicos mapeados na escrita dos cancioneiros e pergaminhos analisados, não são, na verdade, encontros no nível fonológico, em relação aos quais não raro houve dúvidas de interpretação e classificação. São ocorrências como: 1) Q+U+V ou G+U+V; 2) consoantes com função de vogais e vogais com função de consoantes, na escrita. Já os casos de H com possível valor vocálico de /i/ englobam três tipos de dados: casos em que o H forma dígrafo com a consoante que o precede (casos em que não há a possibilidade da formação de um ditongo - CH); casos em que o H representa, juntamente com a consoante que o precede, uma consoante complexa (NH- e LH-); e casos em que o H representa o som vocálico /i/, formando um ditongo crescente no nível fonético com a vogal que o sucede (MH-, VH- e BH-) - casos em que, na forma de base, o ditongo crescente do nível fonético corresponde a um hiato. Foram identificados também casos de ambissilabicidade no PA, envolvendo, sempre, a presença de um /i/, que pode ser silabado tanto na coda da sílaba anterior como no onset da posterior (ex.: mayor).
A conclusão a que se chega, a partir das análises empreendidas nesta Dissertação, é que, no PA, no nível fonológico, existem, no máximo, ditongos (os tritongos só são possíveis no nível fonético). E, mesmo no caso dos ditongos, o glide está posicionado na coda da sílaba (e não no núcleo).
Tipo Defesa-Mestrado

APG 2.0
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