UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Vânia Cristina Casseb Galvão
Titulo Evidencialidade e gramaticalização no português do Brasil: os usos da expressão "diz que"
Orientador(a)
Data 11/12/2001
Resumo Este trabalho investiga os vários usos da expressão diz que no português escrito contemporâneo do Brasil, atentando para o funcionamento desse item nos vários níveis de organização dos enunciados.
A análise é fundamentada na Teoria da Gramática Funcional (Hengeveld, 1988, 1989; Dik, 1989, 1997), modelo teórico ao qual estão relacionados aspectos da Teoria da Gramaticalização (Heine; Claudi; Hünnemeyer, 1991; Traugott; Heine, 1991; Hopper; Traugott, 1993; Ramat; Hopper, 1998), dentre os quais o princípio de que a gramática das línguas é sempre emergente, e sensível à pressão do uso.
A hipótese é a de que, a partir de um processo de gramaticalização cuja forma fonte é a predicação matriz (ele) diz que, em determinados contextos a expressão diz que exerce a função operador evidencial.
Consideram-se os aspectos da evidencialidade, domínio conceptual e lingüístico relacionado à manifestação da origem, da fonte do conhecimento expresso na proposição. Assume-se que a evidencialidade é uma categoria lingüística do domínio gramatical que pode ser original nos sistemas lingüísticos, ou desenvolvida a partir de itens lexicais ou itens menos gramaticais pré-existentes.
A partir da concepção funcionalista de uma gramática que integra diversos níveis de análise, investigam-se os aspectos semânticos que identificam os valores evidenciais apresentados pelo diz que, e os aspectos funcionais e sintáticos que atestam o estatuto de evidencial gramatical desse item. Investigam-se também aspectos pragmáticos inerentes aos usos do diz que operador evidencial, atentando-se para o grau de informatividade dos textos nos quais eles ocorrem.
Investigam-se ainda os fenômenos semânticos, morfossintáticos e fonológicos envolvidos no processo de gramaticalização do diz que operador evidencial.
A partir da proposta funcionalista da organização simultânea da sentença como mensagem e como evento de interação, e da estrutura sentencial subjacente constituída em camadas, pôde-se distinguir outros usos do diz que, funcionando como termo e como operador ilocucionário. Esse fato, aliado ao reconhecimento do diz que como um evidencial gramatical, revela que esse item atua na camada da predicação (termo), na camada proposicional (operador evidencial) e na camada ilocucionária (operador ilocucionário).
A análise revelou que, para atingir seu objetivo comunicativo, o usuário da língua atua como sujeito promotor de alterações na composição do sistema lingüístico e realiza "manobras" enunciativas em situações interativas específicas.
Tipo Defesa-Doutorado

APG 2.0
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