UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Sabrina Rodrigues Garcia Balsalobre
Titulo Língua e sociedade nas páginas da Imprensa Negra paulista: um olhar sobre as formas de tratamento.
Orientador(a)
Data 08/05/2009
Resumo Esta pesquisa tem, como objetivo principal, a análise da inter-relação entre fatores de ordem linguística e social a partir de um corpus jornalístico: a Imprensa Negra paulista – movimento realizado por negros e destinado a essa população no período posterior à abolição da escravatura no Brasil. A formação dessa imprensa se deu pela necessidade de veicular as reivindicações por melhores condições de vida e as propostas de inserção na sociedade brasileira. Para cumprir o objetivo desse trabalho, de se estabelecer relações interdependentes entre usos linguísticos e fatores sociais, foram analisados três periódicos da Imprensa Negra: O Kosmos, O Alfinete e O Clarim d’Alvorada. Essa escolha se justifica por uma combinação de fatores, entre eles a disponibilidade desse material, o período e local de produção (primeiras décadas do século XX / cidade de São Paulo) e o propósito de cada um desses periódicos. Para atingir esse propósito, optou-se por analisar o sistema de formas de tratamento empregado nos jornais, por se acreditar que esse fenômeno linguístico representa um exemplo privilegiado da relação entre a escolha linguística e seu motivador social. A fim de se estabelecer os usos da população negra e os usos tipicamente empregados pelo jornalismo da época, fez-se necessário comparar os dados da Imprensa Negra, com um jornal de circulação mais ampla na cidade de São Paulo: O Combate. Uma vez que o jornal é um gênero textual constituído por textos de naturezas diversas, privilegiou-se a proposta teórico-metodológica de Bonini (2003, 2004, 2006), que prevê a análise do jornal como um hipergênero, com o intuito de se avaliar as características peculiares de cada um dos gêneros do jornal para, posteriormente, relacioná-las com o emprego das formas de tratamento. O fenômeno lingüístico, em análise no presente estudo, foi analisado a partir da relação de alguns pontos de vista teóricos, a saber: a proposta de análise da situação do interlocutor no momento da enunciação de Soto (2001), a investigação das marcas de interatividade, proposta por Andrade (2008) a semântica do poder e da solidariedade de Brown e Gilman (1972 [1960]). Este estudo das formas de tratamento revelou à necessidade dos negros do período de conquistarem um espaço na sociedade paulistana da época e, dessa forma, a Imprensa Negra representava um espaço de circulação de sua voz na sociedade. Uma das formas encontradas por essa população foi a de observar os padrões sociais vigentes e tentar se adaptar a eles, visando a garantia da sua legitimidade enquanto cidadãos brasileiros.


Palavras – chave: Formas de tratamento. Imprensa Negra. Hipergênero jornalístico. Semântica do poder e da solidariedade. Enunciação.
Tipo Defesa-Mestrado
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