UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Lingüística e Língua Portuguesa

Aluno(a) Fábio Elias Verdiani Tfouni
Titulo A linguagem e o sintoma na análise de slogans: a fetichização da mercadoria
Orientador(a)
Data 28/03/2003
Resumo O objetivo deste trabalho, no início, era caracterizar o slogan. Com a recente publicação de uma serie de trabalhos sobre o tema, nosso objetivo passou a ser outro: detectar onde e como a linguagem e o sintoma se cruzam no slogan. Analisamos alguns slogans do ponto de vista da Analise do discurso (AD) e acrescentamos a discussão de Zizek sobre o sintoma inventado por Marx como a fetichização da mercadoria. A fetichização da mercadoria é sintoma porque acarreta uma troca, a troca de relações de pessoas por relações de coisas. Assim na passagem da Idade Media para o capitalismo é que se deu essa fetichização, onde as relações antes transparentes entre senhor e escravo, agora são relações no mercado (de consumo e de trabalho). Assim, um dos slogans deixa clara a troca da fetichização, quando na propaganda, uma mortadela enuncia que "o importante é o que a gente tem por dentro". Esta claro que há também ai uma discussão em torno da essência do sujeito e da relação sujeito/objeto. A questão da essência, nós discutimos trazendo a noção marxista de fantasia teológica da mercadoria, onde a mercadoria parece ganhar espírito. Este constitui o núcleo pré-ideológico da ideologia. Então é preciso discutir a ideologia do ponto de vista de Zizek e afirmar que a ideologia se manifesta segundo os três momentos hegelianos do "em -si", "para-si" e "em-si/para-si". A ideologia em si é o sistema ideológico enquanto "conjunto de idéias", seria a noção tradicional de ideologia. A ideologia "para-si", corresponde a práticas que depois reverberam num conjunto de idéias. Assim, a noção pasacaliana de autômato é discutida por nós juntamente com Zizek, onde a inversão segundo a qual a prática vem primeiro esta na ideia de que primeiro me ajoelho, depois acredito que me ajoelhei porque tenho fé. Como tentativa de explicitar melhor esse momento da ideologia, discutimos o slogan "mtv: musica e atitude", onde a atitude é a prática. A fetichização da mercadoria corresponde ao momento do "em-si/para-si", onde a ideologia já não é mais totalizadora, não dando a impressão de que dá conta de tudo. Outra relação que se pode fazer a partir da fetichização é pensar a questão da abstração real da forma-mercadoria, onde fica claro que nas trocas econômicas já há alguém que pensa por nós, na medida em que a dita abstração tem a forma do pensamento. Portanto, um ponto importante no nosso trabalho é a noção de inconsciente, onde afirmamos que as pessoas não sabem o que fazem. Na analise do slogan do Banespa, deixamos claro nosso ponto de vista de como o assujeitamento se dá: é pelo trauma causado pela impossibilidade percebida pelo sujeito de as classes sociais fazerem um . Esse fato traumático é recalcado, mas esse recalque é justamente o que faz com que o sujeito assuma uma ou outra posição na luta de classes, esse recalque é o que como diria Pêcheux, faz o sujeito assumir o seu lugar. Falando de sintoma, discutimos também a noção de como o capitalismo é histérico, fazendo com que o sujeito do consumo nunca esteja satisfeito com o que consome. Discutimos as noções de real, simbólico, e imaginário, como uma maneira de entender melhor a relação entre a ideologia enquanto conjunto de idéias e seu exterior.
Tipo Defesa-Doutorado

APG 2.0
Copyright 2014 (c) UNESP - Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Araraquara