UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Maria Dolores Aybar Ramírez
Titulo Literatura exilada: o espaço em L
Orientador(a)
Data 15/12/2003
Resumo A tese intitulada Literatura exilada: o espaço em L'agneau carnivore de Agustin Gomez-Arcos tem por objetivo o levantamento do campo conceitual da literatura exilada. A literatura exilada, face à literatura dos exilados, liberta-se da prisão da biografia do autor, fator extraliterário, promovendo uma gama de deslocamentos espaciais entre várias instâncias - narrativas e extranarrativas - exiladas entre si. Partindo de L'agneau carnivore, primeiro romance em francês do autor espanhol exilado Agustin Gomez-Arcos, que dialoga com o leitor francês sobre uma Espanha do pós-guerra de 1936, artisticamente recriada, realizamos um levantamento da configuração e das significações do espaço exilado na narrativa subordinado ao olhar corrosivo de um focalizador em degredo. O embasamento teórico nessa parte da pesquisa provém de teorias sobre focalização estruturalistas e pós-estruturalistas assim como da semiótica russa de Iuri Lotman, que ordena e ressignifica o espaço artístico de acordo com critérios formais e ideológicos.
Do espaço exilado da narrativa partimos para o espaço exilado da obra, do autor e do leitor. Essas instâncias estabelecem entre si um tenso diálogo, pilar de sustentação da literatura exilada, que compartilha seu lugar paratópico - de acordo com o conceito de Maingueneau - com o restante do romance moderno, mas exacerba até as últimas conseqüências, sua condição de marginal entre marginais. Essa postura inerente à literatura exilada leva-nos a indagar sobre a construção ficcional exilada que iça pontes com seus leitores de adoção na medida em que segrega seus leitores naturais. As pontes visíveis dessa construção são, em L'agneau carnivore, a comicidade e a síntese empobrecedora de uma Espanha mítica. Ambas configuram-se de acordo com um processo dialético em que a obra desconstrói e subverte e desmitifica uma realidade estrangeira para o leitor francês na medida em que constrói, normatiza e cria novos mitos de uma Espanha atemporal. De acordo com o pensamento benjaminiano propomos três faces ambíguas para a literatura exilada, concomitantemente normativa, subversiva e normativo-subversiva para concluir que o locus privilegiado de subversão da literatura exilada vem determinado pelo exercício de memória do escritor. No caso de Gomez-Arcos, a esse exercício cabe acrescentar o ato de traição que supõe o abandono da língua mãe como instrumento de criação.
A literatura exilada seria, desse modo, um produto sem síntese possível, sem um espaço tangível, deslocada em suas instâncias narrativas e extra-narrativas, entre duas culturas, duas ideologias, por vezes duas línguas, fronteiriça, ambígua e paradoxal.
Tipo Defesa-Doutorado

APG 2.0
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