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Aluno(a) |
Fernanda Barini Camargo |
Titulo |
VARANDAS VOLTADAS AO LOURO: LER A CASA PORTUGUESA NA LITERATURA DE AGUSTINA BESSA-LUÍS E NO CINEMA DE MANOEL DE OLIVEIRA |
Orientador(a) |
Profa. Dra. Renata Soares Junqueira |
Data |
30/05/2022 |
Resumo |
O longevo cineasta português Manoel de Oliveira (1908-2015) é conhecido
mundialmente devido às suas originais adaptações cinematográficas da ficção literária. A
par da associação mantida com José Régio, porta-voz da revista Presença, entre as mais
produtivas parcerias de Oliveira encontraremos aquela que realizou com a prolífica
escritora Agustina Bessa-Luís (1922-2019), sua conterrânea.2 União criativa conflituosa,
decerto, mas sustentada vigorosamente por laços de amizade, pela convergência de
muitos valores artísticos e pelo compartilhamento de memórias do Douro e da tertúlia
intelectual. O realizador e a romancista, não apenas durante as produções em que
trabalharam juntos, mostraram notável tendência em retratar a região que cerca o rio
Douro, onde ambos viveram. Conduziram os olhares de seus leitores e espectadores ao
Porto, Lamego, Vila Real, Régua, Vila Nova de Famalicão, Vila do Conde e às margens
do rio de “sua aldeia”.
3 Portanto, o espaço ficcional consiste numa fértil chave de leitura
para uma análise que pretenda estudar as possibilidades interpretativas suscitadas pelos
filmes de Oliveira e pelos romances de Agustina, uma vez que importou aos artistas criar
um retrato ficcional do Douro, da sua geografia, bem como da sua arquitetura, suas
condições urbanas e, mais importante, de seu meio rural, fortemente marcado por imagens
de casas e quintas. Esta reflexão se mostra ainda mais relevante quando aborda a robustez
semântica que esses lugares revelam à luz das personagens ficcionais e históricas que
neles transitam: o tipo de lugar geográfico e residência onde vivem, a caracterização
desses espaços, as demais identidades que ali habitam, bem como as práticas sociais e
culturais estabelecidas. Por essa razão, selecionou-se como corpus um romance,
acompanhado de sua respectiva adaptação cinematográfica, a qual constitui para nós uma
das produções de maior notoriedade dentro da associação artística de Manoel de Oliveira
e Agustina Bessa-Luís. Nesse projeto, as casas encontram razoável ênfase: Vale Abraão
e o seu filme homônimo. O que este trabalho traz à luz é uma investigação apoiada em
estudos dedicados ao espaço ficcional, em geral, e ao espaço ficcional doméstico, em
particular, enquanto componente narrativo de ambas as esferas - literária e
cinematográfica. Pretendemos analisar as potenciais interpretações das casas nos livros
de Agustina Bessa-Luís, paralelamente aos filmes de Manoel de Oliveira, numa ponta, e
noutra, produzir uma visão consistente dos recursos aplicados pela literatura narrativa e
pelo cinema para organizar funções semânticas e estéticas do espaço ficcional.
Palavras-chave: espaço doméstico, casas na ficção, Manoel de Oliveira, Agustina BessaLuís, literatura portuguesa, cinema português.
Abstract: The long-lived Portuguese film-maker Manoel de Oliveira (1908-2015) is known
worldwide due to his original film adaptations of literary fiction. Aware of the association
kept with José Régio, the spokesman of the magazine Presença, among Oliveira’s most
productive partnerships one shall find the one he made with the prolific writer Agustina
Bessa-Luís (1922-2019), his fellow citizen4
. A contentious union, by all means, but
vigorously supported by bonds of friendship, by the convergence of several artistic
values, and by the shared memories of Douro, as well as intellectual gatherings. The filmmaker and the novelist, not only during productions in which they worked together,
showed a remarkable tendency to portray the Douro River’s surroundings, where both
lived. They drove the eyes of their readers and audience to Porto, Lamego, Vila Real,
Régua, Vila Nova de Famalicão, Vila do Conde, and to “their village’s river banks”5
.
Therefore, the fictional space consists in a fruitful reading key for an analysis that aims
to study the interpretative possibilities risen by Oliveira’s films and Agustina’s novels,
since the artists minded to create a fictional portrayal of Douro, of its geography, as well
as its architecture, urban conditions, and most importantly its rural environment, strongly
marked by the images of houses, and Portuguese quintas. This reflection is even more
useful when it addresses the semantic strength that these places reveal in the light of the
fictional and historical characters who transit through them: the sort of geographic
environment or housing where they live, these spaces characterization, the remaining
fictional identities who dwell in there, as the established social and cultural practices. For
this reason, we selected as corpus one novel accompanied by its corresponding film
adaptation, which for us constitute one of the most notorious productions within Manoel
de Oliveira and Agustina Bessa-Luís’s art association. In these works, the houses find
reasonable emphasis: the novel Vale Abraão and its adaptation, Abraham’s Valley.
What this work brings to light is an investigation supported by studies dedicated to the
fictional space, in general, and the domestic fictional space, in particular, as a narrative
component of both literary and cinematographic spheres. We aim to analyze the potential
interpretations of houses in Agustina Bessa-Luís’ books, along with Manoel de Oliveira’s
films, in one way, and another, to produce a consistent view about the applied resources
from narrative and film to arrange the aesthetical and semantic functions of fictional
space.
Keywords: domestic space, fictional houses, Manoel de Oliveira, Agustina Bessa-Luís,
Portuguese literature, Portuguese cinema. |
Tipo |
Defesa-Doutorado |
Texto Completo |
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