UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Victor Andre Pinheiro Cantuario
Titulo Desvelando o inefável: a força metafísica da poesia de Hilda Hilst em torno do amor, da morte e de Deus
Orientador(a) Prof. Dr. Paulo Cesar Andrade da Silva
Data 08/12/2021
Resumo No século XVII, em solo inglês, despontou uma corrente de poesia hoje denominada de
metafísica. Alguns de seus principais expoentes foram John Donne, George Herbert, Henry
Vaughan, Richard Crashaw e Andrew Marvell. Nas três primeiras décadas do século XX, o
interesse de alguns críticos como Herbert Grierson (1965) e T. S. Eliot (2015) em tal movimento
produziu um conjunto de reflexões que possibilitou o resgate da herança lírica daqueles poetas
e o reconhecimento de que o estilo metafísico inglês havia transposto algumas fronteiras,
inspirando vozes não apenas no continente europeu, mas também se infiltrando na cultura
literária de outros países. Acompanhando a discussão de Ricardo Daunt (2004) sobre o tema,
observa-se que uma das vias de leitura possível dessa poesia é através da interpretação de que
se está diante de um fenômeno geracional, isto é, devido ao fato de haver se expandido para
além do século XVII e para além da tradição literária inglesa, a poesia metafísica constituiu
uma tradição à parte. Dessa perspectiva é que se poderá compreender como mais de três séculos
depois seus traços, características e estruturas estarão presentes em outros contextos literários.
Nessa trilha de descrição, anuncia-se que o objetivo desta pesquisa é categorizar Hilda Hilst
como uma das vozes da poesia metafísica no Brasil. Para isso, selecionaram-se de sua produção
em versos três livros, Júbilo, memória, noviciado da paixão, Da morte. Odes mínimas e Poemas
malditos, gozosos e devotos, respectivamente publicados em 1974, 1980, 1984, os quais foram
analisados partindo das caracterizações da poesia metafísica conforme apresentadas nos estudos
de Jean-Jacques Denonain (1956), Joan van Emden (1986), Frances Austin (1992) e outros.
Além de se sustentar a proposta de uma leitura intertextual do corpus que se escora no conceito
de tradição, a partir de Eliot (2014). Acredita-se que após a devida exposição do tema e o
esclarecimento da natureza qualificativa da metafísica pendendo para a expressão lírica,
desfazendo-se, portanto, associações dessa poesia com alguma inclinação absolutamente
filosófica, as ressonâncias do estilo inglês despontarão espontaneamente das linhas de Hilst de
maneira que se tornará bastante evidente como em parte de sua obra poética ela se empenhou
em soar metafísica. Diante do apurado, apresenta-se entre as conclusões o entendimento de que
a poeta paulista não se reduziu à condição de imitadora de Donne, mas foi uma firme
representante dessa tradição literária e inovadora desse estilo para além do solo em que primeiro
floresceu.
Palavras-chave: Hilda Hilst; poesia metafísica; poesia brasileira contemporânea.

Abstract: In the 17th century England, a literary movement today known as metaphysical poetry has
emerged. Some of its major exponents were John Donne, George Herbert, Henry Vaughan,
Richard Crashaw and Andrew Marvell. In the early 20th century, Herbert Grierson (1965) and
T. S. Eliot (2015) criticism contributed significantly to the revival of interest in metaphysical
poetry, in one hand, and to the recognition that the english lyrical line transposed some borders,
inspiring many poets around the world, on the other hand. Following Ricardo Daunt’s (2004)
conclusions on this matter, one can see that a possible way of interpretation of this poetry is
through the understanding of a generational phenomenon in literature, that is, as a consequence
of its expansion, metaphysical poetry established a particular tradition gathering voices from
different ages, languages and cultures. In this sense, it is comprehensible that three centuries
after Donne’s death, the metaphysical poetry echoes could be properly identified in others
literary contexts. That’s why it is needed to assert that the research has by aim to classify Hilda
Hilst as one of the voices of metaphysical poetry in Brazilian literature. To accomplish this,
three books from Hilst poetic production were selected, Júbilo, memória, noviciado da paixão,
Da morte. Odes mínimas and Poemas malditos, gozosos e devotos, respectively published in
1974, 1980, 1984, which were analyzed according to the criteria presented in Jean-Jacques
Denonain (1956), Joan van Emden (1986), Frances Austin (1992) studies, as well as considering
an intertextual idea of reading based on Eliot’s (2014) concept of tradition. After the necessary
exposition of the matter and the enlightenment of the nature of the metaphysical as a lyrical and
not philosophical term, it will be understandable in which ways Hilst is a metaphysical poet in
some point of her literary career. As conclusion, it is possible to state that Hilst was not only a
Donne’s follower or imitator, but a true representative of the metaphysical tradition in Brazilian
soil, and a first degree innovator waiting to be constantly discovered.
Keywords: Hilda Hilst; metaphysical poetry; Brazilian contemporary poetry
Tipo Defesa-Doutorado
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