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Aluno(a) |
Jaqueline Vansan |
Titulo |
A puella na elegia de Ovídio |
Orientador(a) |
Prof. Dr. João Batista Toledo Prado |
Data |
05/07/2021 |
Resumo |
Resumo: O gênero elegíaco latino, desenvolvido em Roma no século I a. C. e representado pelas
obras supérstites de Tibulo, Propércio e Ovídio, caracterizava-se principalmente pela
metrificação em dísticos elegíacos – estrofe que alternava um hexâmetro datílico (verso
de seis pés métricos) e um pentâmetro datílico (verso de cinco pés métricos) – e pela
temática lamentosa, que girava em torno da paixão de um eu elegíaco, nomeado como o
próprio poeta, por uma jovem mulher, identificada por um nome grego e descrita, na
maior parte das vezes, como perversa e corruptível. A puella, nesse sentido, é uma das
personagens principais a povoar o mundo elegíaco, sendo com frequência associada, pela
crítica do século XIX, a amantes reais daqueles que se dedicavam a cantá-las. Diferente
dos demais elegíacos, cuja existência das amadas passou a ser questionada mais
efetivamente a partir dos anos 1950, Ovídio parece fugir desse paradigma concebido pelos
estudos biografistas ao não esconder a ficcionalidade da figura de sua amada em Amores,
atribuindo a inclinação ao gênero de temática amorosa a uma imposição do deus Cupido
e não à paixão avassaladora a uma jovem. O poeta originário de Sulmona também é
responsável por trabalhar, de forma ampla, a elegia romana em perspectiva diferente da
usual, nas Heroides, ao substituir voz poética masculina pela de mulheres míticas. Tendo
em vista a relação das figuras femininas com a tendência ovidiana em variar, dentro
daquilo que a tradição do gênero pregava, a elegia amorosa romana, a presente tese tem
o objetivo de investigar, a partir de revisão bibliográfica e análise de poemas, a forma
como Ovídio se vale da puella em suas composições e demonstrar como essa personagem
torna-se importante elemento tanto para a celebração do ofício poético quanto para a
exaltação do gênero elegíaco a domínios da literatura considerada mais elevada. Nesse
sentido, constatam-se traços de metalinguagem, nos Amores, que identificam a puella,
bem como o ardor por essa garota, com a própria elegia e a dedicação integral à produção
dos dísticos. Ademais, observa-se, nas Heroides, a sobreposição de Ovídio, como autor
implícito, ao eu elegíaco feminino, proveniente de fontes literárias elevadas, como a
tragédia e a épica, que permite explorar a elegia em perspectivas pouco habituais,
principalmente pela inversão de lugares comuns do gênero, e materializar o império do
gênero elegíaco romano ao se fundir às tramas austeras.
Palavras-chaves: Elegia amorosa romana; Ovídio; puella, Amores, Heroides.
Abstract: The Latin elegiac genre, developed in Rome in the 1st century BC and represented by the
surviving works of Tibulus, Propertius and Ovid, was characterized mainly by the
metrification in elegiac couplets – stanza that alternated a dactylic hexameter (a six-foot
verse) and a dactylic pentameter (a five-foot verse) – and by the love theme, which
revolved around the passion of a lyrical subject, named after the poet himself, for a young
woman, identified by a Greek name and described, in most cases, as perverse and
corruptible. The puella, thus, is one of the main characters to inhabit the elegiac world,
often associated, by nineteenth-century critics, with real lovers of those who dedicated
themselves to making poetry about them. Different from other elegiac poets, whose
lovers’ existence started being questioned more effectively in the 1950’s, Ovid seems to
escape from this paradigm conceived by biographist studies, by not hiding the fictionality
of his beloved’s figure in Amores, attributing the inclination to the genre of love themes
to an imposition of the god Cupid and not to the overwhelming passion for a young
woman. The poet from Sulmona is also responsible for, in a broad way, working with the
Roman elegy in a perspective that is different from the usual one in Heroides, by replacing
the male poetic voice with that of mythical women. Considering the relationship of female
figures with the Ovidian tendency to vary within the tradition preached by the Roman
love elegy genre, this thesis aims to investigate, from a bibliographical review and
analysis of poems, how Ovid makes use of the puella in his compositions and to
demonstrate how this character becomes an important element both for the celebration of
the poetic work and for the elevation of the elegiac genre to the domains of higher
literature. In that regard, there are traces of metalanguage, in Amores, that identify the
puella, as well as the ardor for this girl, with the elegy itself and the complete dedication
to the production of couplets. Moreover, in Heroides, it is possible to observe Ovid’s
overlapping, as an implicit author, with the female lyrical subject that comes from high
literary sources, such as the tragedy and epic texts, which allows the exploration of the
elegy in unusual perspectives, mainly due to the inversion of commonplaces of the genre,
and the materialization of the empire of the Roman elegiac genre when merging with
austere plots.
Key words: Roman love elegy; Ovid; puella, Amores, Heroides. |
Tipo |
Defesa-Doutorado |
Texto Completo |
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