UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Marisa Martins Gama Khalil
Titulo Por uma arqueologia do leitor - perspectiva de estudo da constituição do leitor na narrativa literária
Orientador(a)
Data 21/03/2001
Resumo O estudo tomou como base textos literários que, em diversificadas épocas, elegeram o narratário ¾ leitor ficcionalizado ¾ como elemento fundamental para a arquitetura narrativa. Foi demonstrada qual a relação dessa figura constitutiva do mundo diegético com as propostas estético-ideológicas dos autores estudados. Para mapear o diálogo entre as ficções literárias que privilegiam a comunicação narrativa, o estudo elegeu a concepção da história das descontinuidades, inscrita no método arqueológico de Foucault, e procurou mostrar o jogo das correlações entre os textos. Tratando os textos literários como práticas discursivas descontínuas, que se excluem mas também se cruzam, apontou-se para a regularidade das séries discursivas que, norteadas pelas vontades de verdade de determinadas épocas, possibilitam determinar razões para a interdição ou para a irrupção da figura do narratário. O percurso de análise tomou como pontos de partida As Mil e uma noites e as epopéias de Homero e teve como entremeios textos de autores como Luciano, Boccaccio, Rabelais, Cervantes, Thackeray, Sterne, Balzac, Dostoievsk, Machado de Assis e Borges. O porto final do percurso foi o romance Se numa noite de inverno um viajante de Italo Calvino. O romance, que se insere na tendência pós-moderna, configura o narratário, denominado Leitor, como protagonista dos acontecimentos narrativos: é um leitor que busca encontrar os desfechos dos romances inconclusos que começa a ler. Há, no Leitor de Calvino, uma irrupção de marcas de leitores narrativizados da tradição literária, como o D. Quixote de Cervantes, por exemplo, mas há também a emergência e a ordem da vontade de verdade do pós-modernismo, vontade que redimensiona o fazer literário, definindo-o a partir de tendências como o descentramento, a redescoberta do enredo e do prazer da leitura.
Tipo Defesa-Doutorado

APG 2.0
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