UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Carla Alexandra Ezarqui
Titulo VOLONTÉ DE VÉRITÉ, DEFORMAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO DA REALIDADE: um diálogo entre a arte expressionista e Thérèse Desqueyroux, de François Mauriac
Orientador(a) Profa. Dra. Andressa Cristina de Oliveira
Data 23/05/2019
Resumo Este trabalho de pesquisa tem por objetivo analisar o romance Thérèse Desqueyroux (1927), de François Mauriac (1885-1970), estabelecendo um diálogo com a arte expressionista, considerando a atmosfera que se manifesta na obra em função de determinados aspectos formais, da temática e da maneira pela qual a heroína é constituída. Para tanto, esta pesquisa se concentra em um levantamento teórico sobre o romance do século XX, sobre o Expressionismo, bem como sobre a literatura e a prosa vinculada a esse movimento. De modo geral, a narrativa se revela como a metáfora de um grito, um grito abafado pela protagonista, Thérèse, essencialmente inquieta, apresentando-se em um confronto constante com o mundo, no que tange à realização de seus anseios. A personagem revela, ainda, uma grande incerteza quanto aos seus sentimentos e desejos, articulada na forma de contradições profundas e que culminam no desespero e em atitudes extremas, como o envenenamento de Bernard, seu marido. Ademais, o romance, narrado com focalização interna sobre a heroína, conferindo concretude aos seus estados de alma a partir de uma tendência a desvelar a sua subjetividade na apreensão da paisagem, é permeado por uma perspectiva deformante. A linguagem, por sua vez, evidencia a expressão metafórica, fragmentando-se tanto pela transposição de pensamentos quanto pelos deslocamentos entre o passado e o presente decorrentes da narração de episódios substanciais da vida de Thérèse. Sendo assim, a análise propõe um diálogo entre o romance e a arte expressionista a fim de apurar, em um primeiro momento, em que medida a deformação da realidade exterior centraliza elementos da interioridade da protagonista, haja vista o fraturamento de sua personalidade, sua angústia incessante e a falta de clareza sobre si mesma. Em seguida, nos propomos a averiguar de que modo o narrador se posiciona perante as personagens e, sobretudo, perante a heroína, com o intuito de verificar em que proporções a análise psicológica e a causalidade se fazem presentes na narrativa e como repercutem na fragmentação da linguagem e na ambiguidade da personagem principal, tendo em vista a necessidade de compreender e elucidar os motivos que a levaram à consumação do crime. Em um terceiro momento, demonstraremos a maneira pela qual a constituição desta personagem se aproxima de uma figuração do espírito e das ideias do Expressionismo para, enfim, constatar em que medida a deformação e a fragmentação se fundem a uma “volonté de vérité”, estruturando o romance e determinando a (in) coerência da personagem, visto articular a arte expressionista à escrita romanesca mauriaquiana. Embora o Expressionismo tenha se afirmado como um movimento bastante complexo, em decorrência de sua indeterminação, este entrave não nos impede de refletir sobre a forma como seus principais traços estéticos se consolidam, enquanto meio de expressão, no romance de um escritor, um tanto conservador, como Mauriac. rnPalavras – chave: Mauriac. Romance do século XX. Thérèse Desqueyroux. Arte expressionista. Subjetividade. Deformação. Fragmentação. Verdade.rnrnRÉSUMÉrnCette recherche a pour objectif analyser le roman Thérèse Desqueyroux (1927) de François Mauriac (1885-1970), établissant un dialogue avec l'art expressionniste, en considérant, à la fois, l'atmosphère qui se manifeste dans l'oeuvre en fonction de certains aspects formels, thématiques et la façon dont l'héroïne est constituée. Pour ce faire, cette recherche se concentre sur une étude théorique du roman du XXe siècle, sur l'expressionnisme, ainsi que sur la littérature et la prose liées à ce mouvement. En général, le récit se révèle comme la métaphore d'un cri, un cri sourd de la protagoniste Thérèse, essentiellement agitée, se présentant dans une confrontation constante avec le monde en ce qui concerne l'accomplissement de ses aspirations. Le personnage révèle également une grande incertitude quant à ses sentiments et à ses désirs, articulés sous la forme de contradictions profondes qui aboutissent au désespoir et à des attitudes extrêmes, telles que l‟empoisonnement de Bernard, son mari. De plus, le roman, raconté avec une focalisation interne sur l'héroïne, confère à ses états d'âme une finesse concrète, tendant à révéler sa subjectivité dans l'appréhension du paysage, imprégné d'une perspective déformante. Le langage, au contraire, met en évidence l‟expression métaphorique, fragmentée autant par la transposition des pensées que par les déplacements entre le passé et le présent résultant de la narration d‟épisodes importants de la vie de Thérèse. Ainsi, l‟analyse propose un dialogue entre le roman et l‟art expressionniste afin de déterminer, dans un premier moment, à quel point la déformation de la réalité extérieure centralise des éléments de l‟intériorité du protagoniste, compte tenu de la fracture de sa personnalité, de son angoisse incessant et le manque de clarté sur elle-même. Ensuite, nous proposons de découvrir comment le narrateur se positionne devant les personnages et, surtout, devant l‟héroïne, afin de vérifier dans quelles proportions l‟analyse psychologique et la causalité sont présentes dans le récit et comment elles affectent la fragmentation du langage et l‟ambiguïté du personnage principal, compte tenu de la nécessité de comprendre et d'élucider les raisons qui ont conduit à la consommation du crime. Dans un troisième temps, nous montrerons comment la constitution de ce personnage aborde une figuration de l'esprit et des idées de l'expressionnisme, afin de vérifier dans quelle mesure la déformation et la fragmentation se confondent avec une "volonté de vérité", structurant le roman et déterminant la (in) cohérence du personnage, puisqu'il articule l'art expressionniste avec l'écriture romanesque mauriacienne. Bien que l‟expressionisme se soit affirmé comme un mouvement assez complexe, du fait de son indétermination, cet obstacle ne nous empêche pas de réfléchir à la manière dont ses principales caractéristiques esthétiques sont consolidées, en tant que moyen d‟expression, dans le roman d‟un écrivain, quelque peu conservateur, comme Mauriac. rnMots-clés: François Mauriac. Roman du XXe siècle. Thérèse Desqueyroux. Art expressionniste. Subjectivité. Déformation. Fragmentation. Vérité.
Tipo Defesa-Mestrado
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