|
|
Aluno(a) |
Luis Claudio Ferreira Silva |
Titulo |
O ATO PERFORMÁTICO-CÍNICO: RICARDO LÍSIAS E UMA NOVA AUTOFICÇÃO |
Orientador(a) |
Profa. Dra. Juliana Santini |
Data |
27/05/2019 |
Resumo |
O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a produção autoficcional de Ricardo Lísias, dando ênfase aos dois últimos romances, desse subgênero, produzidos pelo autor, a saber, Delegado Tobias (2015) e Inquérito policial: família Tobias (2016), sem perder de vista os dois anteriores: O céu dos suicidas (2012) e Divórcio (2013). A hipótese é a de que haveria uma evolução/transformação no seu fazer autoficcional, com os dois livros mais recentes marcando essa mudança, com elementos que não apareciam nas produções anteriores – nem na de outros autores. A autoficção, bem como o autor em questão, é um gênero por si só polêmico e controverso, e que muitas vezes é apontado como módo fácil de fazer literatura. Leyla Perrone-Moisés, por exemplo, é uma das vozes que discordam dessa afirmação. Cunhado na França em 1977 por Serge Doubrovsky, o subgênero, sem nenhuma conotação depreciativa no prefixo, já recebeu inúmeras abordagens de diversos estudiosos tanto na França como no resto do mundo, inclusive no Brasil. Produzido em grande quantidade neste século, chegou a incomodar o escritor Daniel Galera que disse, em 2013, esperar que o gênero fosse passageiro. Ao contrário das perspectivas, a autoficção se firmou e se reinventou, sobretudo pelas produções de Ricardo Lísias. Por isso, também apresentarei uma perspectiva histórica do termo para ver a mudança na sua compreensão, trazendo autores como, além dos já citados, Philippe Lejeune e Vincent Colonna. Como a autoficção sempre aponta para um duplo, acredito ser importante uma análise além da intratextual: a extratextual. Por isso, trago os estudos de Bourdieu sobre o campo literário para o debate, tentando analisar o percurso de Lísias e o reconhecimento de sua obra no campo, passando por discussões sobre o mercado editoral e espetacularização. O escritor também atua como um agente plural dentro do campo literário, pois também é pesquisador, tradutor e participou de grandes prêmios literários. Sua “costura” foi extremamemente importante para a sua consolidção nesse campo, sobretudo pela hipótese que apresento: Lísias constrói uma postura autoficcional também em suas entrevistas. Seu ato performático, todavia, usa de um elemento importante: o cinismo. Discutirei essas questões a partir do trabalho de Peter Sloterdjik para falar de cinismo dentro da performance na obra lisiana. Nessa reconfiguração da autoficção, Lísias utilisa ferramentas interessantes como a metaficção, o sarcasmo, redes sociais e o mashup, reconstruindo esse espelho enviesado que é a autoficção, fazendo uma espécie de dupla performance e colaborando para embaralhar ainda mais as fronteiras entre o real e o ficcional.
Palavras-Chave: Ricardo Lísias; Campo Literário; Autoficção; Performance.
RÉSUMÉ
Le but de ce travail est de réfléchir à propos de la production autofictionnelle de Ricardo Lísias, surtout dans les deux derniers romans, de ce sous-genre, produits par l’auteur, à savoir, Delegado Tobias (2015) et Inquérito policial: família Tobias (2016), sans oublier les deux romans antérieurs : O céu dos suicidas (2012) e Divórcio (2013). L’hypothèse est : il y aurait une évolution/transformation dans la façon de faire l’autoficcion : ses deux livres les plus récents signeraient ce changement, en utilisant des éléments qui n’étaient pas utilisés dans les autres productions – dans celles des autres auteurs non plus. L’autofiction c’est un genre, ainsi que Lísias, polémique et controversé qui est parfois compris comme une manière facile de produire littérature. Leyla Perrone-Moisés, qui occupe une place théorique, est, par exemple, une des scientifiques qui n’est pas d’accord avec les affirmations négatives à propos du genre. Créé en France en 1977, par Serge Doubrovsky, l’autofiction a été déjà étudiée par un grand nombre des scientifiques, soit en France ou ailleurs – même au Brésil. Produit en grande quantité dans ce siècle, le genre a gêné l’écrivain Daniel Galera qui a dit, en 2013, espérer que l’autofiction dispaîtra bientôt. Au contraire de ces perspectives, le genre s’est stabilisé et s’est refait, surtout pour les nouveaux romans de Ricardo Lísias. Pour cela, je presenterai aussi une perspective historique du terme pour voir les changements dans sa compréhension, en invitant des auteurs comme, en plus de ceux déjà mentionnés, Philippe Lejeune et Vincent Colonna. Comme l’autoficction présuppose toujours un double, je crois qu’une analyse, en plus de l’intra-textuelle, est nécessaire : l’extra-textuelle. Pour cela, je discuterai aussi l’ouvrage de Bourdieu sur le champ littéraire, en analysant le parcours de Lísias et la reconnaissance de son oeuvre dans ce champ, en passant par des discussions sur la spéctacularisation et le marché du livre et de l’édition. L’écrivain joue le rôle d’un agent pluriel dans le champ puisqu’il est aussi chercheur, traducteur et a eu beaucoup d’indications pour des prix littéraires importants au Brésil. Son articulation a été extrêmement importante pour qu’il se consolide dans ce champ culturel, surtout pour l’hypothèse que je présente : l’autoficction de Lísias est aussi présente dans les entretiens. Toutefois, son rôle performatique utilise un élément important : le cynisme. Je discuterai ces questions à partir de l’ouvrage de Peter Sloterdjik pour parler du cynisme dans la performance. Dans cette réconfiguration de l’autofiction, Lísias utilise des outils interessants comme la métafiction, le sarcasme, les réseaux sociaux et le mashup, en reconstruisant ce miroir de travers qui est l’autofiction, en faisant une sorte de double performance et en colaborant pour mélanger encore plus les frontières entre le réel et le fictionnel.
Mots-Clés: Ricardo Lísias; Champ Littéraire; Autofiction ; Performance. |
Tipo |
Defesa-Doutorado |
Texto Completo |
|
|
|
|
|