UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Carina Zanelato Silva
Titulo O problema do conhecimento e a dissolução do conceito de maldade em Heinrich Von Kleist
Orientador(a) Profa. Dra. KARIN VOLOBUEF
Data 29/03/2019
Resumo RESUMO
Recentes pesquisas sobre a obra literária de Heinrich von Kleist (1777-1811) retomaram a famosa “crise-kantiana” do autor como fator de grande relevância no estudo de seu universo literário. Tim Mehigan, por exemplo, em seu livro Heinrich von Kleist: writing after Kant (2011) nos apresenta uma nova faceta de interpretação desta crise ao considerá-la como o ponto de partida para o desenvolvimento de Kleist como um grande colaborador da filosofia pós-kantiana, pois suas cartas (a partir de 1800), ensaios e obras literárias refletem o embate entre a teoria do conhecimento de Kant e os limites a que a autoconsciência pode chegar na apreensão dos dados da realidade empírica. O trabalho de Kleist, neste ponto de vista, pode ser entendido como “pós-kantiano” na medida em que vai além da escola kantiana e discute novas questões culturais, estéticas e filosóficas abertas pelo próprio Kant. Essas conclusões nos permitem avançar a discussão empreendida por estes pesquisadores para a abordagem de uma temática frequente nas obras de Kleist: a quebra de limites entre os conceitos de maldade (Böse) e bondade (Gute) desenvolvidos durante a Aufklärung. Essa quebra nos parece estar fortemente associada a uma subversão do conceito de realidade extraído por Kleist da noção kantiana de apreensão da realidade pela razão e ao ceticismo muito característico da filosofia de Hume. Assim, nesta pesquisa, procuraremos demonstrar em que consiste essa quebra de limites do bem e do mal e como a composição de uma realidade pautada no engano integra o universo literário kleistiano. Iniciaremos nosso trabalho com a exposição do projeto juvenil de Kleist, que busca a felicidade por meio da aquisição de conhecimento, e compararemos este “Lebensplan” à filosofia de Rousseau, mais especificamente aos parâmetros pedagógicos que podemos depreender da obra Emílio (1762). Em seguida, por meio da exposição da “crise-kantiana”, partiremos da hipótese de que a realidade empírica em Kleist dilui os limites entre bem e mal na composição de seus personagens, resultando em ações de extrema violência que são ressignificadas pela motivação ou pelo efeito produzido. Para que esta pesquisa seja efetiva, selecionamos para a nossa análise das obras literárias de Kleist os ensaios Über die allmähliche Verfertigung der Gedanken beim Reden (1805) e Über das Marionettentheater (1810), a comédia Der zerbrochne Krug (1811), os dramas Prinz Friedrich von Homburg (1811) e Die Hermannsschlacht (1808), a tragédia Penthesilea (1807), e os contos Der Findling e Michael Kohlhaas. Além disso, trabalharemos com as cartas deixadas pelo autor, os seus diversos contos, dramas, ensaios, epigramas e anedotas.
Palavras-chave: Heinrich von Kleist. Immanuel Kant. Jean-Jacques Rousseau. Böse. Gute.

ABSTRACT
Recent researches on the Heinrich von Kleist’s literary works (1777-1811) recovered the author's famous "Kant crisis" as a factor of great relevance in the study of his literary universe. Tim Mehigan, for example, in his book Heinrich von Kleist: writing after Kant (2011) presents a new facet of interpretation of this crisis by considering it as the starting point for Kleist's development as a great contributor to post- Kantian philosophy, because his letters (from 1800), essays and literary works reflect the clash between Kant's theory of knowledge and the limits to which self-consciousness can arrive at the apprehension of the data of empirical reality. Kleist's work, from this point of view, can be understood as "post-Kantian" in that as long as it goes beyond the Kantian school and discusses new cultural, aesthetic and philosophical issues opened by Kant himself. These conclusions allow us to advance the discussion undertaken by these researchers towards an approach of a frequent theme in Kleist's works: a break in the boundaries between the concepts of badness (Böse) and goodness (Gute) developed during the Aufklärung. This break seems to us to be strongly associated with a subversion of the concept of reality drawn out by Kleist from the Kantian notion of apprehension of reality by reason and the very characteristic skepticism of Hume's philosophy. Therefore, in this research, we will attempt to demonstrate what this break of the limits between good and evil consists and how the composition of a reality based on mistake integrates the Kleistian literary universe. We will begin our work with the exposition of Kleist's juvenile project, which seeks happiness through the acquisition of knowledge, and compare this Lebensplan to Rousseau's philosophy, more specifically to the pedagogical parameters, that we can absorb from Emile (1762). Then, through the exposition of the "Kantian crisis", we will start from the hypothesis that Kleist's empirical reality dilutes the boundaries between good and evil in the composition of his characters, resulting in actions of extreme violence that are resignified by motivation or by the produced effect. For this research to be effective, we selected for our analysis of Kleist's literary works the essays Über die allmähliche Verfertigung der Gedanken beim Reden (1805) and Über Marionettentheater (1810), the dramas Prinz Friedrich von Homburg (1811) and Die Hermannsschlacht (1808), the comedy Der zerbrochne Krug (1811), the tragedy Penthesilea (1807), and the short stories Der Findling and Michael Kohlhaas. In addition, we will work with the letters left by the author, his various stories, dramas, essays, epigrams and anecdotes.
Keywords: Heinrich von Kleist. Immanuel Kant. Jean-Jacques Rousseau. Böse. Gute.
Tipo Defesa-Doutorado
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