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Aluno(a) |
Evelyn Caroline de Mello |
Titulo |
LITERATURA E DITADURA, ENTRE A CASA E A RUA: ecos de resistência nos romances O pardal é um pássaro azul de Heloneida Studart e Tropical Sol da Liberdade de Ana Maria Machado |
Orientador(a) |
Profa. Dra. MARIA CLARA BONETTI PARO |
Data |
18/05/2018 |
Resumo |
RESUMO
Minha proposta no presente trabalho é analisar os romances O pardal é um pássaro azul
(1975) de Heloneida Studart e O tropical Sol da Liberdade (1987) de Ana Maria Machado e
suas relações com o Período da Ditadura Militar Brasileira, (1964-1985), uma vez que o
primeiro romance foi escrito durante os Anos de Chumbo (1968-1974), e o segundo foi
escrito durante o período de abertura política e publicado em tempos de democracia. Neste
ínterim, problematiza-se, por um lado, como se dá nos romances a recomposição de traços da
sociedade brasileira da época e se há resistência aos padrões sociais e políticos que se
estabeleceram no país; análise esta feita à luz das teorias sobre o romance como fruto do
protesto contra regimes ditatoriais, como discutidas por estudiosos, tais como, Regina
Dalcastagnè, Eurídice Figueiredo e Renato Franco; por outro lado, procura-se analisar a
resistência como estética e parte integrante dos romances de acordo com Alfredo Bosi e
Theodor Adorno. Também se verifica se as características estéticas que permitem o diálogo
entre romance e sociedade formam um ponto de vista diferenciado, uma vez que se tratam de
romances cuja autoria é de mulher. Para discutir tal questão, contrapõe-se a análise dos
elementos estéticos dos romances com o contexto histórico dos mesmos, à luz dos estudos das
linhas teóricas feministas que apontam a escrita de mulher como um elemento político para a
reavaliação das condições de gênero em sociedade, tais como o fazem Kate Millet, Pierre
Bourdieu, Simone de Beauvoir, Heleieth Saffioti e Elaine Showalter. Portanto pautando os
estudos propostos em duas grandes linhas teóricas: a teoria do romance engajado e a teoria
feminista, leva-se em conta a questão da mulher em paralelo com a questão histórica que é
vivenciada por ela como pensadora ativa de seu tempo, possibilitando a afirmação de que a
condição da mulher abordada nos romances não se dissocia da (re)construção da sociedade
brasileira, formando um discurso femidesarticulador, no sentido de contestar o patriarcado e
suas construções ideológicas. Cada uma das autoras escolhidas pertence a locus culturais
distintos e, por isso, traçam a figura feminina e suas crises existenciais de forma muito
específica: o romance de Studart parte do arcaísmo social de uma cidade do Rio Grande do
Norte, sendo a autora cearense, ciente, portanto das mazelas pelas quais passava a mulher
nordestina em uma sociedade retrógrada; já Machado, parte de sua realidade, a cidade do Rio
de Janeiro, palco de grandes manifestações contra o Regime e cuja realidade de cidade grande
já oferece outro tom na proposição de problemas referentes à figura da mulher, tais como a
desintegração da família e a recusa dos papéis tradicionais da mulher.
Palavras – chave: Ditadura Militar Brasileira; Teoria Feminista; romance engajado;
Heloneida Studart; Ana Maria Machado.
ABSTRACT
My aim in this dissertation is to analyze the novels O pardal é um passáro azul/ The sparrow
is a blue bird (1975) and O tropical sol da liberdade/ The tropical sun of liberty (1987) with a
specific focus on their relations and relevance to the Brazilian Dictatorship Period (1964-
1985). The first novel was written during the most repressive period, during those years
known as Anos de Chumbo/ the Lead Years (1968-1974); the second novel was written when
political openness had already begun and it was published after democracy had been restored.
The research and analysis examine, on one hand, how the social and political characteristics
of Brazilian society are depicted in these novels and how resistance against enforced social
and political rules is represented. This analysis is done in light of Brazilian theorists such as
Regina Dalcastagné, Eurídice Figueiredo and Renato Franco whose critical works explicates
novels as means of protest. On the other hand, this resistance is also analyzed as an aesthetic
and essential part of novels, as theorized by critics such as Alfredo Bosi and Theodor Adorno.
Considering that these two novels were written by women, the issue is also raised as to
whether aesthetic characteristics that enhance a dialogue between the texts and society
constitute a specific point of view in these fictions. To address this issue, the given historical
context is contrasted with an analysis of aesthetic elements in both novels, taking into
account feminist theories that identify women’s writing as constituting a reassess of gender
conditions in society, as proposed by Kate Millet, Pierre Bourdieu, Simone de Beauvoir,
Heleieth Saffioti and Elaine Showalter. Focusing on the question of women as active thinkers
of their time this project argues that the condition of being a woman that is depicted in the
novels cannot be dissociated from the (re)construction of Brazilian society, forming a
discourse that can be defined as disarticulating or redefining the construction of the feminine
at present embedded within patriarchy and its overarching ideological constructs. Each of
these chosen authors belongs to a different cultural background and, therefore, each traces the
feminine figure and its existential crisis in a very specific way: whereas Studart´s novel
focuses on the roles of women amidst the archaic and conservative social and cultural
characteristics of her state of origin, Rio Grande do Norte, Machado sets her novel in the city
of Rio de Janeiro, one of the most progressive arenas in the struggle against the dictatorial
regime, and explores the refusal of women in accepting their traditional roles.
Key words: Brazilian military dictatorship; Feminist theory; engaged novel; Heloneida
Studart; Ana Maria Machado. |
Tipo |
Defesa-Doutorado |
Texto Completo |
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