UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Sérgio Gabriel Muknicka
Titulo A PERSONAGEM FEMININA EM CONTOS DE ALBERTO MORAVIA: Il paradiso e Boh
Orientador(a) Profa. Dra. CLAUDIA FERNANDA DE CAMPOS MAURO
Data 26/05/2017
Resumo Este estudo tem por finalidade analisar a personagem feminina em contos dos livros Il paradiso (1970) e Boh (1976) do autor italiano Alberto Moravia (1907-1990), escritor romano que concebeu sua obra tanto em prosa (contos, novelas e romances) como em peças de teatro e em roteiros cinematográficos. Como embasamento teórico, utilizaram-se as questões convocadas por Gérard Genette em Discours du récit (2007), por Lilia Crocenzi em La donna nella narrativa de A. Moravia (1964) e por Antonio Candido em A personagem de ficção (1987). É imprescindível ressaltar que, em todos os contos, as personagens femininas são narradoras autodiegéticas (GENETTE, 1972). Estas obras foram escolhidas, pois seus contos trazem à tona questões fulcrais no que diz respeito à poética moraviana. Como exemplo, pode-se citar a lassitude do indivíduo frente à realidade vivida, o corpo como mercadoria e objeto de consumo, o fetichismo de objetos, a hipocrisia social, o sexo, a revolta e a angústia existencial. As personagens protagonistas dos contos escolhidos debatem-se até o último momento para tentar lidar com as situações intrincadas de suas vidas. Entretanto, ao fim e ao cabo, tudo é reduzido a uma visão de mundo apática e desencantada. Em “A orgia”, a protagonista sonha brevemente com uma vida livre das regras do comportamento burguês. Já “Vendida e comprada”, a narradora encontra na prostituição a solução para seu corpo, até então, desprezado pelo amado marido. Ao passo que há em “O corpo de bronze” a temática do corpo enquanto moeda de troca tanto no âmbito privado (o casamento) como no âmbito público (o sistema capitalista). Por meio da convencionalização (CANDIDO, 1987), Moravia conseguiu expor a psicologia nevrótica de suas protagonistas, retratando-as como figuras cínicas e distantes. A linguagem, simples e desprovida de ornamentos tanto linguísticos quanto estruturais, é reflexo disso. Acredita-se, todavia, que o tom de oralidade, às vezes bastante marcado nos contos, pode ser lido como a confissão elegíaca dessas personagens que desfrutam da posição privilegiada – embora não totalmente confiável – dum narrador autodiegético que, por meio da focalização interna fixa (GENETTE, 1972), pode ficcionalizar à vontade suas histórias por meio do discurso em primeira pessoa. Ressalta-se que o uso desse recurso faz com que toda a narração fique subordinada à visão do próprio narrador. Ao longo das narrativas, observou-se que o autor transferiu seu pensamento intelectual para a personagem feminina (MAURO apud ASOR ROSA, 2001) que, refletindo sobre si mesma, lucubra acerca das mazelas da existência humana. Diferentemente das personagens de obras de fôlego do autor, como Mariagrazia de Gli indifferenti (1929) ou Cecilia de La noia (1960), as personagens destes contos não mais aparecem para dar apoio à figura do intelecual masculino, mas fazem-se ouvir por meio de suas próprias narrações, expondo seus dramas de forma bastante teatralizada.
Palavras-chave: Literatura italiana. Alberto Moravia. Narrativa. Conto. Personagem feminina.

RIASSUNTO
Questo studio si pone l’obiettivo di fare un’analisi dei personaggi femminili nei racconti dei libri Il paradiso (1970) e Boh (1976) dello scrittore italiano Alberto Moravia (1907-1990), artista romano che ha concepito la sua opera sia in prosa (racconti, romanzi brevi e romanzi lunghi) sia in opere teatrali e sceneggiature. Come base teorica, sono stati utilizzati, tra altri testi, il Discours du récit (2007) da Gérard Genette, La donna nella narrazione di A. Moravia (1964) da Lilia Crocenzi e da Antonio Candido A personagem de ficção (1987). È essenziale notare che, in tutti i racconti, i personaggi femminili sono narratori autodiegetici (GENETTE, 1972). Queste collane sono state scelte perché i loro racconti suscitano questioni prementi per quanto riguarda la poetica dell’opera moraviana. Ad esempio, si può citare la stanchezza dell’individuo di fronte alla realtà, il corpo ridotto ad oggetto da consumazione, il feticismo degli oggetti, l’ipocrisia sociale, il sesso, la rivolta e l’angoscia esistenziale. Le protagoniste dei racconti scelti lottano fino all’ultimo momento per cercare di affrontare le situazioni intricate della loro vita. Benché luttino, tutto è ridotto alla fine ad una visione svogliata e disincantata del mondo. In “L’orgia” la protagonista sogna fugacemente di una vita priva delle regole del comportamento borghese. Mentre in “Venduta e comprata”, il narratore femminile cerca nella prostituzione la soluzione al suo corpo, fino ad allora, disprezzato dal marito. Già con “Il corpo di bronzo” è parlante il tema del corpo come una merce di scambio, sia privato (le nozze borghesi) sia pubblico (il Capitalismo). Attraverso il concetto di convencionalização (CANDIDO, 1987), Moravia riuscì ad esporre la psicologia nevrotica delle sue protagoniste, rappresentandole come donne ciniche e distanti. La lingua, “l’italiano moraviano” dell’uso medio, è un riflesso di questo. Nonostante ci si parli in un linguaggio semplice e privo degli ornamenti siano al livello linguistico che al livello strutturale, si vuole considerare il tono dell’oralità, talvolta piuttosto marcato nei racconti, come una confessione elegiaca di questi personaggi che sfruttano la posizione privilegiata – anche se non totalmente affidabile – di un narratore in prima persona il quale, attraverso la focalizzazione interna (GENETTE, 1972), può favoleggiare quanto ne vuole su dei suoi intrecci. Si deve anche sottolineare che l’uso di questa tecnica narrativa sottomette l’intera narrazione alla visione del narratore. È stato osservato che l’autore ha trasferito, in queste opere, il suo pensiero intellettuale al personaggio femminile (MAURO apud ASOR ROSA, 2001) che, riflettendo su se stesso, ragiona sui mali dell’esistenza umana. Diversi dai personaggi di opere già consacrate dell’autore, come la Mariagrazia de Gli indifferenti (1929) o la Cecilia de La noia (1960), i personaggi di questi racconti non si prestano più a sostenere la figura del intelettuale maschile, ma si fanno sentire attraverso le proprie narrazioni, esponendo i loro drammi con atteggiamenti piuttosto teatrali.
Parole chiave: Letteratura italiana. Alberto Moravia. Narrativa. Racconto. Personaggio femminile.

ABSTRACT
This study consists of an analysis of the female character in a few short-stories from the books Il paradiso (1970) and Boh (1976) by the Italian writer Alberto Moravia (1907-1990), who conceived his work both in prose (short-stories, novellas and novels) as in plays and film scripts. As theoretical bases, it was used Gérard Genette’s Discours du récit (2007), Lilia Crocenzi’s La donna nella narrativa A. Moravia (1964) and Antonio Candido’s A personagem de ficção (1987). It is essential to emphasize that in all the short-stories the female characters are homo-diegetic narrators (Genette, 1972). These books were chosen because their stories shed light on some key themes regarding Moravia’s poetics. For instance, most of stories contain thematic cores as the lassitude of the individual towards reality, the body seen as a product and an object of consumption, fetishism, social hypocrisy, sex, anger and angst. The protagonists strugle until the last moment trying to deal with the intricate situations of their lives. Nonetheless, at the end of the day, everything is reduced to a vision of an apathetic and disenchanted world. In “L’orgia”, the main character dreams briefly of a life free from the rules of the bourgeois behavior. While in “Venduta and comprata”, the narrator finds in prostitution the solution to her body which was until then despised by her negligent beloved husband. At last, in “Il corpo di bronzo” the most instigating theme is the female body being used as a bargaining chip both in private (marriage) and in public spheres (Capitalism). Through convencionalização (CANDIDO, 1987), Moravia could expose the neurotic psychology of his protagonists, portraying them as cynical and distant women. The simple structured language, nearly deprived of ornaments, also reflects this distance. It is believed, notwithstanding, that the oral tone, sometimes rather prominant in some of the short-stories can be understood as the elegiac confessions of these characters who enjoy the privileged position of homo-diegetic narrators who, through an internally focalized perspective (Genette, 1972), can fictionalize at will their stories. It is noteworthy that the use of this narrative technique provides the reader only with the narrator’s own point of view. Besides, it was also observed that Moravia transferred his intellectual thought to the female characters (MAURO apud ASOR ROSA, 2001) who, thinking of themselves, ponder about their existences. Unlike other Moravian characters, such as Mariagrazia from Gli indifferenti (1929) or Cecilia from La noia (1960), these paper-women no longer seem to support the male intelectual figure. On the contrary, they make themselves heard through their own stories, exposing their dramas with a great amount of theatricality.
Keywords: Italian literature. Alberto Moravia. Narrative. Short-story. Female character.
Tipo Defesa-Mestrado
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