UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Beatriz Moreira Anselmo
Titulo L'AMOUR DÉCADENT EM DRAMAS DE VILLIERS DE L'ISLE-ADAM E MAURICE MAETERLINCK
Orientador(a) Profa. Dra. Renata Soares Junqueira
Data 29/05/2013
Resumo Esta tese pretende traçar as linhas principais de um quadro representativo da relevância do tema do amour décadent em obras dramáticas do fin-de-siécle, a partir do rastreamento de elementos característicos da expressão do amor em poetas-dramaturgos que, de alguma forma, estiveram vinculados à literatura simbolista-decadentista. Para isso, toma-se como ponto de partida a análise do drama lírico Axël (1986), do poeta-dramaturgo francês Conde de Villiers de L’Isle-Adam (1840-1889), que marcou a literatura moderna com a emblemática personagem Axël de Auërsperg, o príncipe dos decadentes, conhecido por rejeitar não só a vida real, mas também os prazeres do amor em favor do Absoluto e do Amor Eterno. Villiers de L’Isle-Adam partilha com os poetas simbolistas-decadentistas o sentimento de desprezo dos valores burgueses da sociedade moderna. Foi com o olhar crítico e com a amargura do poeta maldito que esse francês, contrariando a tendência romanesca realista-naturalista de histórias de amor bem sucedidas, imprimiu ao amor trágico entre Sara e Axël a expressão do desejo do Amor Ideal: um sentimento sublime, distante da vulgarização dos interesses sócio-econômicos de sua época. Nem mesmo a bela e atraente jovem Ève Sara foi capaz de persuadir o jovem príncipe a regozijar-se com os prazeres da vida real. A decisão de Axël de deixar a vida e seus prazeres e de não consumar o amor carnal é consciente e prova a sua impossibilidade de se adequar à vil realidade circundante. Outra obra, também importante no que concerne à expressão do sentimento amoroso na literatura simbolista-decadentista, é a peça Pélleas et Mélisande (1904) do poeta dramático belga, Maurice Maeterlinck (1862-1949), seguidor dos passos de Villiers de L’Isle-Adam. Essa obra, apesar de aparentar um certo apego à tradicional temática trágico-amorosa romântica, contém técnicas compatíveis com o drama estático que são muito apropriadas às aspirações do teatro simbolista. Há nos textos dos dois autores citados – textos destinados ao palco teatral – a negação do amor real em função da busca do Eu e do Amor Absolutos. Tal aspecto amoroso está relacionado ao tema do amor decadente, cuja ideia central advém do conceito de amor ideal de Platão: um amor essencialmente puro, desprovido de paixões, que não se fundamenta em interesse, mas tão-somente em virtudes. Por não se sentirem adaptados à realidade social mecanicista e desenvolvimentista do tempo em que viveram, alguns poetas dessa época – final do século XIX e início do século XX, convém enfatizar – buscam o completo afastamento da sociedade e negam toda e qualquer postura que siga os ditames do homem burguês. Sendo assim, o amor devotado à mulher real, carnal, à mulher burguesa, pobre e vazia de alma, que vive sob as regras da moral e dos bons costumes burgueses, não se equipara ao Amor Sublime que buscam esses poetas. Logo, a negação do amor e da mulher é mais uma maneira que o poeta tem de expressar o seu repúdio àquela realidade. Villiers de L’Isle-Adam e Maurice Maeterlinck têm em comum o projeto de criar um teatro para “faire penser” – no qual as ideias são mais importantes que as ações –, um teatro que revela por meio de símbolos e sugestões a insatisfação do artista diante de um mundo obcecado por ciência, progresso, mercadoria e dinheiro.

PALAVRAS-CHAVE: Villiers de L’Isle-Adam. Maurice Maeterlinck. Simbolismo/Decadentismo. Teatro Moderno. Literatura Comparada.



ABSTRACT

This thesis intends to sketch the outlines of a representative picture of the relevance of the theme amour décadente (decadent love) in plays of the fin-de-siécle and beginning of the 20th century. It starts by tracing the elements that are characteristic of the expression of love in poet-playwrights who were, somehow, tied to the decadent symbolist literature. In order to achieve its aim, this project departs from the analysis of the lyric drama Axël (1986), by the French poet-playwright Conde de Villiers de L’Isle-Adam (1840-1889), which marked modern literature with its emblematic character Axël de Auërsperg, the prince of the decadents, known for rejecting not only social life, but also the pleasures of love in favor of the Absolute and the Eternal Love. Villiers de L’Isle-Adam shares with the decadent-symbolist poets the feeling of contempt for all the bourgeois values of modern society. It was with his accursed poet’s bitterness and critical eye that, against the realist-naturalist Romanesque tendency of successful love stories, this Frenchman inscribed the tragic love between Sara and Axël with the expression of desire for the Ideal Love: a sublime feeling, away from the trivialization of social and economic interests of his time. Not even the beautiful and attractive young lady Ève Sara was able to persuade the young prince to derive pleasure from the joys of real life. Axël’s decision to give up social life and its pleasures and not to consummate carnal love is conscious and it proves that it’s impossible for him to fit the vile reality surrounding him. Another work which is important regarding the expression of love in the decadent-symbolist literature is the drama Pélleas et Mélisande (1904), by the Belgian dramatic poet Maurice Maeterlinck (1862-1949), who followed the steps of Villiers de L’Isle-Adam. Despite its notable attachment to the traditional romantic tragic-love theme, this work contains techniques which are not only compatible with the static drama but also very appropriate to the aspirations of the symbolist drama. In both texts mentioned – which are meant for the stage – there is the denial of real love for the pursuit of the Absolute I and Love. This aspect of love is related to the theme of decadent love, whose central idea comes from Plato’s concept of ideal love: an essentially pure feeling, devoid of passions, which is not based on interests, but only in virtues. Unsuitable to the social, developmental and mechanistic reality of their time, some poets of the end of the 20th and beginning of the 21st centuries pursue complete isolation from the society and deny each and every posture that follows the dictates of the bourgeois man. Thus, love devoted to the real carnal bourgeois woman, who is poor and empty in her soul and lives under the rules of the bourgeois morale and good manners, does not compare to the Sublime Love that these poets pursue. So, the refusal regarding the woman and love is one more way the poet has to express his abhorrence for that reality. Villiers de L’Isle-Adam and Maurice Maeterlinck have in common the project of creating a drama for “faire penser”, in which ideas are more important than actions and which reveals, through its symbols and suggestions, the dissatisfaction of the artist before a world obsessed with science, progress, goods and money.

KEY-WORDS: Villiers de L’Isle-Adam. Maurice Maeterlinck. Symbolism/Decadentism. Modern Drama. Comparative Literature.
Tipo Defesa-Doutorado
Texto Completo

APG 2.0
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