UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Rodrigo Ferreira Daverni
Titulo Um rio a correr entre duas mundividências: leituras do espaço em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, de Mia Couto
Orientador(a)
Data 15/04/2011
Resumo O romance Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (2002), do autor moçambicano Antonio Emílio Leite Couto, comumente conhecido como Mia Couto, evidencia, por meio de uma ficção, uma proposta de revitalização, pela via do literário, da sociedade moçambicana. Nessa perspectiva, sua poética repousa em uma relação dialética que se funda, sobretudo, entre a permanência (representada ou registrada pela existência do bairro rural denominado Luar-do-Chão) e a ausência (cidade, espaço da narrativa dedicado ao desenvolvimento, progresso e conforto, mas também o da perda da memória tribal, dos sentimentos, etc.), ambas demarcadas pela espacialidade. O presente trabalho tem por finalidade demonstrar como algumas temáticas comuns às literaturas africanas aparecem representadas na espacialidade do universo diegético miacoutiano. Isso acontece sobretudo no que toca ao espaço da convivência das diferenças culturais, colaborando dessa maneira com uma melhor compreensão teórica desse importante aspecto essencial de toda narrativa ficcional. Em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, o personagem Marianinho, protagonista e narrador da história, após anos estudando na cidade (moderna), retorna à sua ilha de origem, Luar-do-Chão (religiosa e mítica), por ocasião da morte de seu avô Dito Mariano, o patriarca da família. Ao sabor de um romance policial, muitas peripécias serão desveladas na trajetória de todos os personagens, configurando uma narrativa que prende a atenção do leitor de maneira marcante. A viagem empreendida por Mariano, quando deixa a cidade em que fora estudar as Letras para regressar à ilha de Luar-do-Chão, não diz respeito apenas a uma mudança de espaço geográfico, mas implica também numa mudança de sua condição humana e cultural e de sua visão de mundo. É que a cidade (capitalista, urbana e progressista) o tinha anteriormente transformado. Ao herói viajante do romance compete reconstruir seu espaço de origem devastado pela guerra e pelos interesses egoísticos de cada um, costurando os fios da modernidade no tecido da tradição, bem como avançar em propostas e perspectivas para dar um sentido (novo) a sua vida. A relação espacial aqui desvendada comandará não apenas os acontecimentos, mas principalmente construirá os sentidos dados por eles pelo autor do romance.

Palavras-chave: Literaturas africanas de língua portuguesa. Moçambique. Mia Couto. Espaço literário. Literatura e vida.
Tipo Defesa-Mestrado
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