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Aluno(a) |
Maria Tereza de França Roland |
Titulo |
A casa: estreitos laços entre literatura e arquitetura |
Orientador(a) |
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Data |
20/10/2008 |
Resumo |
O presente trabalho parte da hipótese de que as contribuições dos escritos e da arquitetura de Le Corbusier para a poesia de João Cabral de Melo Neto transcendem as influências ditadas pelo clima intelectual e artístico da época. É conhecido o interesse do poeta pelas artes plásticas e a simpatia pela idéia da construção da obra literária, que resultam numa poesia racionalmente elaborada, calculada e medida. Como no fazer arquitetônico, em que o projeto antecede a construção, o fazer poético é assumido como um processo de construção material precedido pelo exercício projetual baseado em premissas rigorosas de lucidez, clareza, contenção e cálculo.
Leitor de Le Corbusier, João Cabral toma do ideário modernista traços formais e procedimentos de composição que ressaltam o despojamento, a precisão e a geometrização das formas construídas. Nada é dado pelo acaso; tudo é cálculo, obedecendo a um sistema rigoroso de construção. Máquina de habitar e máquina de comover são duas expressões usadas por Le Corbusier para definir sua concepção da arquitetura, em geral, e da casa, em particular: as funções prática e mítica do edifício-casa serão satisfeitas pela construção de edifícios projetados segundo a economia e o cálculo a fim de responder a necessidades humanas de habitação e de emoção plástica, alcançada com as formas simples da geometria.
No entanto, não foi apenas a lição da economia e do cálculo, aprendida do arquiteto franco-suíço, que o poeta incorporou à sua obra. Máquina de habitar e máquina de comover, o objeto arquitetônico exige e pressupõe a criação de espaço interior que contenha o homem e com o qual ele possa interagir. E é nesse aspecto da construção do espaço que o diálogo de Cabral-Corbusier se mostra mais provocador: embora verbal e bidimensional, uma vez que as palavras são dispostas sobre um campo de dimensões planares altura e largura -, a poesia de João Cabral é projetada e construída segundo estratégias de estruturação que permitem reconhecer o efeito de tridimensionalidade necessário para que a espacialidade se atualize. E, mais ainda, esse efeito de espacialidade arquitetônica convida o sujeito a experimentar esse espaço penetrando-o e movimentando-se em seu interior.
As relações entre a poesia cabralina e a arquitetura corbusiana serão explicitadas através da apresentação do projeto estrutural que rege a construção de Quaderna, obra em que o diálogo arquitetura-poesia parece se realizar de forma mais plena, bem como da leitura de quatro dos poemas que a integram: Estudos para uma bailadora andaluza, A mulher e a casa, O motorneiro de Caxangá e Jogos frutais. Villa Savoye, de Le Corbusier, apresenta-se como referência arquitetônica para a leitura intersemiótica.
Palavras chave: João Cabral de Melo Neto. Le Corbusier. Literatura. Arquitetura. Relações intersemióticas. |
Tipo |
Defesa-Doutorado |
Texto Completo |
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