UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Estudos Literários

Aluno(a) Alexandre Silveira Campos
Titulo Análise sobre nada: um estudo dos procedimentos poéticos da obra de Manoel de Barros
Orientador(a)
Data 28/02/2007
Resumo O trabalho consiste em demonstrar a ocorrência de alguns expedientes poéticos da obra de Manoel de Barros. Visto que toda pesquisa dá-se por decisões de caminhos, mesmo restringindo-se os limites da análise com fatores externos, a multiplicidade da obra torna a escolha de tais caminhos inumerável.
Porém, a rotina das leituras dos poemas, o contato com outros textos de análise e comentário de diversas obras de Barros, e a perseverança em aproximar-se, através dos textos, do pensamento do poeta, tudo isso, gera um certo grau de amadurecimento. E esse, por sua vez, faz com que se possa encontrar nitidamente em Manoel de Barros uma insistência com determinados temas e com determinadas maneiras de expressão.
Assim, o tema da imagem será o principal eixo de sustentação da pesquisa. Pois, em certa altura da obra manoelina, principalmente em um livro específico (“Ensaios Fotográficos”), a questão da imagem, talvez se possa dizer com maior certeza ao término do trabalho, torna-se uma fixação para Barros.
A Partir daí, a pesquisa será dividida em três momentos específicos.
A primeira parte tratará de inicialmente justificar a escolha do próprio poeta como também da temática principal a ser abordada e dos desdobramentos desta. Portanto, falar-se-á, a princípio, qual é o momento nevrálgico do aparecimento da questão da imagem na obra de Manoel de Barros e como outras questões surgem ligadas a esta, como por exemplo, a temática da memória e da infância.
Ainda nessa primeira parte estarão também expostos os objetivos do trabalho que, em linhas gerais, estabelecerão algumas metas para possíveis demonstrações ao decorrer da pesquisa, tais como, a preocupação e os diversos usos de procedimento de Manoel de Barros em relação às possibilidades de construção da imagem através da palavra.
E, por fim e maior fôlego, nessa primeira parte apresentar-se-á uma introdução do tema a qual delimitará os nortes teóricos e pragmáticos da questão da imagem. E seguirá pelo caminho seguro da tradição estabelecida na Ars Poetica horaciana, passando, com um panorama geral, pelas reflexões que deram curso ao problema da relação entre palavra e imagem figurativa, tais como, as idéias de Leonardo Da Vinci e Lessing.
A segunda parte da pesquisa tratará de verificar um dos procedimentos mais comuns da poesia manoelina que está diretamente ligado com a problemática da construção da imagem.
Barros cita de forma sistemática muitos autores, obras e alguns períodos literariamente marcados, em vários de seus poemas. Essas aparições, comuns em todo texto literário, parecem ter em Barros, pelo menos um, propósito bem definido, o qual está relacionado com a preocupação da discussão que se estabeleceu historicamente em torno das maneiras possíveis de representação e criação de imagens.
Para demonstrar esse procedimento serão analisadas as “referências diretas” – esse será o termo utilizado para as ocorrências desse tipo – que aparecem em duas obras, nas quais tal expediente é mais usado e seu propósito quanto ao problema da imagem também parece estar mais nítido. São os livros “Compêndio Para Uso dos Pássaros” e “Arranjos para Assobio”.
A terceira e última parte da dissertação abordará de maneira tão abragente quanto possível, a questão da imagem e sua construção na poesia de Manoel de Barros. Como instrumento de demonstração será usado o livro “Ensaios Fotográficos”, principalmente a sua primeira parte, na qual todos os poemas tratam especificamente de dois temas: imagem e metalinguagem.
Voltada mais para a análise dos poemas essa última parte da pesquisa procurará apontar as formas de tratamento do poeta em relação ao tema da imagem, ligados nesse ponto ao seu posicionamento quanto à tradição do embate entre palavra e imagem figurativa, citado na primeira parte.
Procurar-se-á mostrar aí também quais são as formas de expressão escolhidas por Manoel de Barros para engendrar o processo de construção da imagem poética, formada a partir das palavras, mas que busca, no seu caso específico, um contato direto, uma relação intrínseca com a imagem figurativa. Para apenas alertar sobre tal expediente basta o título: “Ensaios Fotográficos”.
Outra demonstração que buscará comprovação nas análises desta parte é como o processo de construção de várias metáforas que ligam termos extremamente díspares do ponto de contato entre si, ou seja, termos cuja possibilidade de significado comum que os une e os transforma em uma imagem é muito distante a ponto de não ser possível ao leitor identificar aquilo como uma imagem; como esse processo de engendramento das metáforas passa pelo caminho da justificativa da imagem, da sua própria construção, e torna-se, portanto, um dos temas do poema. A esse processo, que ocorre por diversas vezes, chamaremos “metaimagética”.
Assim o trabalho constará de uma primeira parte de caráter mais teórico e explicativo, posta ao início e, conseguintemente, de duas partes de caráter mais pragmático. A primeira, dessas duas, tratando da questão de como algumas das influências do autor aparecem diretamente citadas em seus poemas e qual seria o motivo desse procedimento. E a última lidando, sob alguns determinados aspectos, com o problema da imagem em Manoel de Barros.
Tipo Defesa-Mestrado
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