UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Sexual

Aluno(a) Irene Rogatti Portero Ferrari
Titulo As masculinidades como proposta interventiva com homens autores de violência doméstica: uma abordagem psicoeducativa e reflexiva
Orientador(a) Paulo Rennes Marçal Ribeiro
Data 29/04/2022
Resumo A violência contra a mulher é um grave problema de saúde pública no Brasil que tem
sustentado altos índices de ocorrência mesmo com uma legislação específica destinada a coibi-la.
Essa violência é multicausal e multidimensional, porém, também expressa o resultado de uma
ordem social que foi historicamente fundamentada em relações sociais assimétricas, que
conferiram aos homens autorização para exercer seu poder sobre as mulheres a partir da
desqualificação do feminino. No entanto, não existe uma dominação masculina exercida por todos
os homens de forma irrestrita, de forma que não são todos os homens que estão posicionados
hierarquicamente no topo das relações sociais. Da mesma forma, não são todos os homens que se
utilizam dos seus privilégios para subjugar e violar as mulheres em seus direitos. Portanto, devese estabelecer uma relação entre a violência e certas masculinidades e não com o homem enquanto
categoria fechada. A partir disso, este estudo teve como objetivo verificar quais são as
masculinidades envolvidas nas violências contra a mulher, de forma que este conhecimento
pudesse subsidiar um guia para o trabalho com homens autores de violência doméstica, atendendo
as ações previstas nos artigos 22, 35 e 45 da Lei Maria da Penha. Para isso realizou-se um
levantamento bibliográfico e uma análise crítica da literatura relevante. Conclui-se que o modelo
tradicional de masculinidade construída no Brasil a partir da modernidade esteve vinculado aos
símbolos de poder do homem europeu, ou seja, a branquitude e a heterossexualidade, bem como
aos ideais viris e burgueses, presentes na imagem do herói e do homem portador do progresso,
respectivamente. Estes fatores somados às raízes patriarcais cristãs brasileiras fundamentaram o
modelo tradicional da masculinidade baseado na subordinação e hierarquização de gênero.
Verificou-se a permanência do modelo tradicional nas masculinidades contemporâneas, seja a
partir de um reavivamento dos mitos da masculinidade e do retorno do herói, ou a partir das
reatualizações de poder nas masculinidades alternativas. Portanto, é imperativo um trabalho
interventivo com homens autores de violência que abordem as masculinidades a partir de eixos
que promovam a reflexão acerca dos elementos vinculados à construção da identidade masculina,
além de possibilitar a problematização acerca dos seus sentidos e significados, e a desnaturalização
de posições e concepções de gênero que recaiam na gramática da violência e opressão da mulher.
Palavras – chave: Masculinidades, Programas de intervenção com homens autores de violência
contra a mulher, Violência contra a mulher.

Abstract: Violence against women is a serious public health problem in Brazil that has sustained high
rates of occurrence even with specific legislation aimed at curbing it. This violence is multicausal
and multidimensional. However, it is also the result of a social order that is historically based on
asymmetrical social relations, which gives men authorization to exercise their power over women
by reducing the importance and social status of the feminine. However, there is no male
domination exercised by all men in an unrestricted way. Not all men are hierarchically positioned
at the top of social relations. Likewise, not all men use their privileges to subjugate and violate
women's rights. Therefore, a relationship must be established between violence and certain
masculinities and not with the man as a homogeneous category. From this, this study aimed to
verify which masculinities are involved in violence against women, so that this knowledge could
subsidize a guide for working with men who committed domestic violence, considering the actions
provided for in articles 22, 35 and 22 of the Maria da Penha Law. To achieve this, critical analysis
of the relevant literature were carried out. It concludes that the traditional model of masculinity
built in Brazil from modernity was linked to the symbols of power of the European man, that is,
whiteness and heterosexuality, as well as to virile and bourgeois ideals, present in the image of the
hero and the the bearer of progress. These factors, added to the Brazilian Christian patriarchal
roots, founded the traditional model of masculinity based on gender subordination and hierarchy.
The permanence of the traditional model in contemporary masculinities was verified, whether from
a revival of the myths of masculinity and the return of the hero, or from the re-updating of power
in alternative masculinities. Therefore, an interventional work with male perpetrators of violence
must approach masculinities from axes that promote reflection on the elements linked to the
construction of masculine identity. Additionally, it is necessary to adopt interventional practices
that enable both the questioning of the meanings of masculinity carried by those perpetrators and
the denaturalization of gender positions and conceptions that fall within the grammar of violence
and oppression of women.
Keywords: Maculinities, Intervention programs with male perpetrators of violence against
women, Violence against women.
Tipo Defesa-Mestrado
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APG 2.0
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