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Aluno(a) |
Maiara Cristina Pereira |
Titulo |
Análise das experiências sociais e subjetivas de mulheres trans: um estudo sobre rupturas e continuidades geracionais |
Orientador(a) |
Prof. Dr. FLORÊNCIO MARIANO DA COSTA JÚNIOR |
Data |
04/03/2020 |
Resumo |
ResumornEntende-se trans como um termo que abarca as identidades que subvertem a norma binária de gênero. As pessoas trans são aquelas que não se identificam com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento, confrontando a ótica naturalizadora que entende órgão genital e gênero como correspondentes. Devido a isso, as identidades trans são entendidas como patológicas do ponto de vista biomédico. Por meio de critérios diagnósticos tenta-se padronizar as experiências trans em busca de uma verdade sobre esses corpos. Entretanto, as trajetórias trans não são padronizadas e modificam-se conforme os marcadores sociais das diferenças, do qual a geração é um marcador relevante, pois possibilita identificar as alianças mantidas e rupturas realizadas na interação entre diferentes gerações. Nesse sentido, analisar o diálogo entre a geração da qual essas pessoas fazem parte e suas identidades trans torna-se importante para entender como as dinâmicas sociais estão influenciando essas trajetórias. Assim, o objetivo da presente pesquisa é compreender a relação entre as trajetórias de mulheres trans e suas respectivas gerações por meio de uma investigação das experiências sociais e subjetivas dessas mulheres. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com seis mulheres trans, selecionadas por meio do método snowball. As entrevistas foram gravadas e em seguida transcritas. Para tratamento e análise dos dados utilizou-se o método hermenêutico dialético, sendo assim as transcrições das entrevistas passaram por leitura até a impregnação do conteúdo. As categorias de análise foram intencionalmente investigadas ou surgiram de modo espontâneo na narrativa das participantes. Emergiram as categorias que mencionaram a concepção de feminilidade e masculinidade, os marcadores subjetivos envolvendo percepção de si, transição, relação com o corpo, aspectos psicológicos e afetivos, aspectos sociais e vínculos como suportes afetivos. Foi possível verificar que entre as trajetórias das participantes ocorreram mudanças geracionais, uma vez que foram identificadas rupturas na concepção de feminilidade e masculinidade. Em contrapartida, experiências envolvendo modificações corporais, transição, violências, aspectos sociais, sofrimento psíquico e afetividade foram compartilhadas de forma similar nas trajetórias das entrevistadas, mesmo que correspondentes a gerações distintas, o que permite pensar a existência de continuidades geracionais para esses aspectos. Com isso foi possível perceber que apesar da existência de rupturas geracionais e do aumento dos espaços sociais para a população trans, muitas experiências ainda são compartilhadas entre as trajetórias, o que permite pensar que as identidades trans ainda são estigmatizadas e sofrem violências por pertencerem a uma sociedade com uma compreensão naturalizadora e binária dos gêneros.rnPalavras-chave: Trans, Transgênero, Geração, Gênero.rnrnAbstractrnTrans is understood as a term that encompasses identities that subvert the binary norm of gender. Transgender people are those who do not identify with the gender attributed to them at birth, confronting the naturalizing view that understands the genital organ and gender as correspondents. Because of this, trans identities are understood as pathological from the biomedical point of view. Through diagnostic criteria we try to standardize trans experiences in search of a truth about these bodies. However, trans trajectories are not standardized and change according to the social markers of differences, of which generation is a relevant marker, as it makes it possible to identify the alliances maintained and disruptions made in the interaction between different generations. In this sense, analyzing the dialogue between the generation of which these people are part and their trans identities becomes important to understand how social dynamics are influencing these trajectories. Thus, the objective of this research is to understand the relationship between the trajectories of trans women and their respective generations through an investigation of the social and subjective experiences of these women. Semi-structured interviews were conducted with six trans women, selected through the snowball method. The interviews were recorded and then transcribed. For treatment and analysis of the data the dialectical hermeneutic method was used, thus the transcripts of the interviews went through reading until the impregnation of the content. The categories of analysis were intentionally investigated or emerged spontaneously in the narrative of the participants. The categories that mentioned the conception of femininity and masculinity emerged, the subjective markers involving self-perception, transition, relationship with the body, psychological and affective aspects, social aspects and bonds as affective supports. It was possible to verify that among the participants' trajectories there were generational changes, since they were identified ruptures in the conception of femininity and masculinity. In contrast, experiences involving body modification, transition, violence, social aspects, psychological distress and affectivity were similarly shared in the interviewees' trajectories, even if corresponding to different generations, which allows us to think about the existence of generational continuities for these aspects. With this it was possible to realize that despite the existence of generational disruptions and the increase of social spaces for the trans population, many experiences are still shared among the trajectories, which allows us to think that trans identities are still stigmatized and suffer violence because they belong to a society with a naturalizing and binary understanding of gender.rnKeywords: Trans, Transgender, Generation, Gender. |
Tipo |
Defesa-Mestrado |
Texto Completo |
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