UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Sexual

Aluno(a) João Alexandre Minali
Titulo Interpretações docentes sobre as expressões da sexualidade infantil na primeira etapa do Ensino Fundamental.
Orientador(a) 1. Profa. Dra. CLAUDIA DIAS PRIOSTE
Data 27/01/2020
Resumo Resumo
A sexualidade infantil é um tema polêmico que tem gerado discussões entre estudiosos, educadores e a comunidade. Embora, desde Freud, as pulsões sexuais, tenham sido objeto de estudos, ainda na atualidade, há os que sustentem a ideia de que a sexualidade despertaria somente na adolescência, desconhecendo que ela estaria presentes precocemente, ligada a atividades, independentes do funcionamento dos genitais. Tal concepção torna-se motivo de preocupação quando relacionada à escola, pois frequentemente os professores da primeira etapa do Ensino Fundamental se deparam com manifestações sexuais por parte de seus alunos. Nesse sentido, torna-se importante conhecer as interpretações desses profissionais sobre as manifestações da sexualidade infantil ocorridas em seus espaços de atuação, assim como a complexidade de situações embaraçosas que os professores vivenciam decorrentes de questões expressas por seus alunos. Sendo assim, o objetivo desta pesquisa consistiu em descrever as interpretações de oito professores da primeira etapa do Ensino Fundamental de uma escola pública sobre manifestações sexuais por parte dos seus alunos, os quais, sob a perspectiva psicanalítica, estariam no período de latência. A metodologia utilizada pautou-se em uma abordagem qualitativa de pesquisa, sendo utilizados, como instrumentos de investigação, grupos focais e entrevistas semiestruturadas. Os resultados obtidos demonstraram que os professores, com a exceção de apenas uma professora, embora tenham tido contato com o tema da sexualidade infantil em seus cursos de formação inicial ou em cursos complementares e de formação continuada, possuem um conhecimento relativo sobre o desenvolvimento sexual infantil e muitos alegam encontrar dificuldades em relacionar tais conhecimentos aos problemas enfrentados no cotidiano, o que evidencia um contexto formativo restrito. Diante disto, alguns professores relataram buscar conhecimentos sobre este tema por conta própria de modo a fornecerem melhor auxílio aos seus alunos. Verificou-se que as dificuldades encontradas pelos professores em sua prática pedagógica extrapolam o contato com manifestações sexuais infantis consideradas características do período de desenvolvimento sexual no qual as crianças se encontram. Alguns professores relataram ter tido contato com manifestações que demonstram a adoção de práticas adolescentes, como o namoro e a substituição do brincar pelo uso de indumentárias ousadas, além de manifestações demasiadamente exacerbadas que, após investigações, conduziram a evidências de abuso sexual sofrido por seus alunos por parte de familiares mais velhos, constituindo-se estes casos como situações complexas a ocasionar sentimentos de angústia e impotência aos professores neles envolvidos. Tais constatações revelam que, para além da falta de contextos formativos sobre sexualidade infantil condizentes com as necessidades dos professores, estes profissionais são levados, constantemente, a se depararem com situações envolvendo expressões sexuais infantis que, muitas vezes, lhes suscitam conhecimentos que não possuem e, muitas vezes, conduzindo-os a situações desconfortantes por não poderem prestar uma assistência adequada aos seus alunos.
Palavras – chave: Sexualidade infantil, Formação de professores, Educação sexual.

Abstract
Child sexuality is a controversial theme that has generated discussions between scholars, educators and the community. Although, since Freud, sexual drives have been the subject of studies, even today, there are those who support the idea that sexuality would awaken only in adolescence, unaware that it would be present early, linked to activities, independent of the functioning of the genitals. . Such a conception becomes a cause of concern when related to school, as teachers of the first stage of elementary school often encounter sexual manifestations on the part of their students. In this sense, it is important to know the interpretations of these professionals about the manifestations of child sexuality that occurred in their practice spaces, as well as the complexity of embarrassing situations that teachers experience arising from questions expressed by their students. Thus, the objective of this research was to describe the interpretations of eight teachers of the first stage of elementary school of a public school about sexual manifestations by their students, which, from the psychoanalytical perspective, would be in the latency period. The methodology used was based on a qualitative research approach, being used as research tools, focus groups and semi-structured interviews. The results showed that, with the exception of only one teacher, although they had contact with the subject of child sexuality in their initial or complementary and continuing education courses, they have a relative knowledge about child sexual development. and many claim to find it difficult to relate such knowledge to the problems faced in daily life, which shows a restricted formative context. Given this, some teachers reported seeking knowledge on this subject on their own in order to provide better help to their students. It was found that the difficulties encountered by teachers in their pedagogical practice go beyond contact with child sexual manifestations considered characteristic of the period of sexual development in which children are. Some teachers reported having contact with demonstrations demonstrating the adoption of adolescent practices, such as dating and replacing play with the use of bold clothing, as well as overly exacerbated manifestations that, after investigations, led to evidence of sexual abuse suffered by their students. on the part of older relatives, constituting these cases as complex situations causing feelings of anguish and impotence to the teachers involved in them. These findings reveal that, in addition to the lack of formative contexts on child sexuality consistent with the needs of teachers, these professionals are constantly forced to encounter situations involving child sexual expressions that often give them knowledge they do not have and have. often leading them to uncomfortable situations because they cannot adequately assist their students.
Keywords: Child sexuality, Teacher training, Sex education.
Tipo Defesa-Mestrado
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