UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Educação Sexual

Aluno(a) Ranyella Cristina de Siqueira
Titulo Os estereótipos de papéis de gênero feminino nos retratos das influenciadoras digitais no Instagram e a arte de Cindy Sherman
Orientador(a) Profa. Dra. Claudia Dias Prioste
Data 17/12/2019
Resumo Resumo: Este trabalho teve o objetivo de identificar e analisar os estereótipos de papéis de gênero
feminino presentes nos retratos divulgados nos perfis do Instagram de influenciadoras digitais brasileiras, com recorte para os que ganharam o Prêmio Influenciadores Digitais em 2018 na categoria beleza. Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória e interpretativa. O caminho metodológico foi traçado com base na análise de conteúdo da Bardin e da pesquisa de Shinoda. O campo teórico foi se constituindo a partir das categorias empíricas em uma perspectiva transdisciplinar composta pela arte, filosofia das mídias, sociologia, psicologia e Teoria Crítica. Esta pesquisa foi inspirada na arte de Cindy Sherman em sua crítica aos padrões femininos das mídias nas décadas de 1940, 50 e 60. Optamos por usar a arte de Sherman de uma forma pouco
habitual na ciência, sendo tomada como parte da fundamentação teórica. Ressaltamos que o lugar discursivo de sua arte é a intenção de decifrar o que subjaz às imagens estereotipadas, ao passo que nos retratos das influenciadoras nota-se o intento de recorrer aos estereótipos de papeis de gênero feminino para fins mercadológicos. Os resultados sugerem que alguns estereótipos destacados nos trabalhos de Sherman ainda estão presentes nas imagens das influenciadoras digitais: mulher branca, magra, de cabelo liso ou ondulado, elegante, maquiada, romântica, sensual, com curvas exuberantes em evidência, preocupada com atratividade física. Sherman usava a maquiagem, a vestimenta e os acessórios como meio de autotransformação em diversas imagens de mulheres. Porém, nos retratos das influenciadoras digitais não se evoca mais os estereótipos de mulher do lar, ingênua, emotiva, vulnerável, desamparada e louca. Ao invés disto, destacam-se os estereótipos de mulher bem-sucedida, independente em relação ao homem no aspecto financeiro e de proteção. Ressaltam-se também os estereótipos de mulher autônoma, consumista, turista, pueril, feliz, sociável, rica e amada. Contudo, subjaz a imagem de uma mulher dependente da admiração de seus companheiros (as) e de sua rede de seguidores. Nesse sentido, uma mulher narcisicamente frágil. A maquiagem é usada como recurso de padronização de beleza para conferir efeito de um rosto ovalado, lábios e sobrancelhas espessos e bem delineados, nariz fino, olhos expressivos e demarcados. Um destaque nesse estudo foi o estereótipo da mulher turista que ainda não tinha sido descrito na literatura científica. O turismo, juntamente com a maquiagem, as vestimentas elegantes e os acessórios luxuosos são artefatos que servem para a exibição de um consumo constante atrelado à publicidade sutil, em formato de sugestão de produtos ou serviços. Os retratos utilizam estereótipos para fortalecer a popularidade do perfil, ao mesmo tempo que propagam um estilo
de vida idealizado, alicerçado em uma suposta felicidade plena, conectada ao consumo de determinados bens e serviços. Um ideal hedonista de riqueza e de glamour que destaca o lazer, o culto ao corpo, as viagens e o entretenimento em uma associação ao cotidiano exibido pelas celebridades. Cabe considerar que tais estereótipos ao ressaltarem um ideal de vida luxuoso simultaneamente ocultam ou desvalorizam o papel de mulher trabalhadora ou da mulher que não tem acesso a esses bens. Concluímos que os retratos atuais recorreram aos diversos estereótipos padronizados de papel de gênero feminino e, concomitantemente, revelam deslocamentos da heterossexualidade compulsória e do casamento como desígnio de vida da mulher para uma mulher mais autônoma, que pode ficar bem solteira ou que pode escolher uma parceria homossexual. Contudo, embora os retratos das influenciadoras denotem deslocamentos das noções naturalizadas de gênero feminino, ainda estão ancorados em ilusões mercadológicas que uniformizam o corpo da mulher na tentativa de padronizar sonhos e comportamentos de consumo que não refletem as conquistas feministas.
Palavras – chave: Estereótipos de papel de gênero feminino, Influenciadoras digitais,
Instagram, Cindy Sherman.

Abstract: This work aims to identify and analyze the stereotypes of female gender roles present in the portraits disclosed in the Instagram profiles of Brazilian digital influencers. Mainly, we have focused on digital influencers that have won the Brazilian Digital Influencers Award 2018 in
the beauty category. The research was exploratory and interpretive. The methodologic path has delineated according to the content analysis of Bardin and Shinoda's research. The empirical categories in the transdisciplinary perspective, such as art, philosophy, philosophy of media, sociology, psychology, and Critical Theory, have constituted the theoretical background. We chose to explore Sherman's art in this research in an unusual way in science, taken as a theoretical approach. We emphasize that the discourse of Sherman's art has the intention to decipher what underlies stereotypical images of women. In contrast, the portrayals of the influencer have intended to use the stereotypes of female roles for marketing purposes. The results suggest that some highlighted female stereotypes in Sherman's works were indeed
present in the images of digital influencers. To illustrate: white and slim women, with straight or curly hair, elegant, wearing makeup, romantic, sensual, with exuberant curves in evidence, concerned with physical attractiveness and, rarely, paid worker women. Sherman used the makeup, clothing, and accessories as a means of self-transformation in her images. However, the portraits of the digital influencers have not longer evoked stereotypes of the naive, emotional, vulnerable, helpless, and crazy woman at home, as Sherman's images used to show. Instead, they have pointed out the stereotypes of successful and independent women. We observed the stereotypes of an autonomous woman, consumerist, tourist, childlike, happy, sociable, prosperous, and beloved. However, portraits underlined the image of women
dependent on the admiration of her peers and her followers' network and a narcissistic fragile woman. Makeup has used as a beauty standard feature to give the effect of an oval face, thick
and well-defined lips and eyebrows, a thin nose, expressive and sharp eyes. This study
particularly highlighted the tourists' female stereotype because it has not described in the scientific literature yet. Tourism and makeup, and elegant clothing and accessories were luxurious artifacts to show off the constant women consumerism linked with subtly advertising, which was formatted by a suggestion of products and services to followers. Portraits used stereotypes to strengthen the profile's popularity while propagating an idealized lifestyle based on supposed full happiness, connected to the consumption of specific goods and services. It depicts a hedonistic ideal of wealth and glamor that prioritizes leisure, body worship, travel, and entertainment in a daily association displayed by celebrities. The stereotypes that emphasize a luxurious life ideal, simultaneously cover or devalue the role of working women
or women who do not have access to these goods. We conclude that influencer portraits appealed to various standardized stereotypes of female gender roles. At the same time, they
have dislocated compulsory heterosexuality and mandatory marriage to a more autonomous woman who may be single or who may choose a homosexual partnership. Although the portraits of the influencers promoted dislocations of the naturalized notions of women, the market illusions have been leading the portraits images. In other words, it process unifies the woman's body in an attempt to standardize dreams and consumption behaviors that do not reflect feminist achievements. Keywords: Stereotype of female gender role, digital influencers, Instagram, Cindy Sherman.
Tipo Defesa-Mestrado
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