UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Ciências Sociais

Aluno(a) Jordeanes do Nascimento Araújo
Titulo O Fenômeno da liderança Tupi-Kagwahiwa: trajetórias sociais, resistências e Movimento-Indígena no Sul do Amazonas
Orientador(a) Prof. Dr. Edmundo Antonio Peggion
Data 12/06/2019
Resumo Busquei construir nesta tese uma reflexão sobre as formas de resistência indígena presentes no final do século XX e o fenômeno da liderança Tupi-Kagwahiva que se reatualiza, se reconfigura politicamente na primeira década do século XXI e que serve de modelos e experiências sociais para outros povos da região do sul do Amazonas. Para além disso, dediquei-me ao entendimento das formas segundo as quais os povos indígenas, sobretudo os Tenharin, Parintintin, Jiahui e Mura se relacionaram com a empresa extrativista com respeito a seus territórios. Inicialmente marcadas por enfretamento físico a partir de correrias e guerras, as próprias estratégias étnicas foram se modificando ao longo dos anos. Nesse processo de territorialização em que se deu o esbulho do território indígena, novos processos de intrusão foram surgindo, como a presença do Serviço de Proteção Indígena – SPI, em 1920. A relação direta com o não indígena permitiu traçar novas estratégias de resistência indígena na contemporaneidade. Nesse aspecto, foi preciso compreender a relação da castanha com os Kagwahiva, com os comerciantes, desde o processo de transformação em mercadoria no tempo do patrão até o momento contemporâneo, pois a transformação não ocorre somente com o agenciamento da castanha, todos se transformam nesta relação política e simbólica da circularidade de Nhanhã. Nessa perspectiva, procurei, aqui, contextualizar como as lideranças Kagwahiva concebem e vivenciam a presença da estrada – a Transamazônica ou, como eles denominam em Tupi Kagwahiva, Pepuku’Hua – como um drama social interminável. Sendo assim, é mister que seja problematizado o modo como a modificação da paisagem natural, no caso a construção da Transamazônica, transformou as percepções de mundo Kagwahiva. Problematizei o papel das lideranças políticas indígenas no que toca às suas ações dentro e fora das associações indígenas Kagwahiva. E, para tanto, examinarei como a efetiva participação política das lideranças no contexto urbano transformou-as em lideranças de qualidade reconhecidas tanto por seu grupo doméstico político quanto por outras lideranças dentre os Povos Kagwahiva.
Palavras-chave: Lideranças Indígena Kagwahiva, Politica Indígena, Movimento Indígena.

Abstract
I sought to build on this thesis a reflection on the forms of indigenous resistance present at the end of the twentieth century and the phenomenon of the Tupi-Kagwahiva leadership that is re-established, reconfigures politically in the first decade of the twenty-first century and serves as models and social experiences for other peoples of the southern Amazon region. In addition, I focused on understanding the ways indigenous peoples, especially the Tenharin, Parintintin, Jiahui, and Mura related to the extractive enterprise with respect to their territories. Initially marked by physical confrontation from raids and wars, ethnic strategies themselves have been changing over the years. In this process of territorialization in which the indigenous territory was sparked, new processes of intrusion began to emerge, such as the presence of the Indigenous Protection Service (SPI) in 1920. The direct relationship with the non-indigenous made it possible to draw new strategies of indigenous resistance in contemporaneity. In this respect, it was necessary to understand the relation of the chestnut to the Kagwahiva, with the traders, from the process of transformation into commodity in the time of the boss until the contemporary moment, since the transformation does not only happen with the agency of the chestnut, all transform in this one political and symbolic relation of Nhanha's circularity. In this perspective, I have tried here to contextualize how the Kagwahiva leaders conceive and experience the presence of the road - the Transamazon or, as they term in Tupi Kagwahiva, Pepuku'Hua - as an endless social drama. Therefore, it is necessary that the way, in which the modification of the natural landscape, in the case of the construction of the Transamazonica, is transformed, it is necessary to transform the perceptions of the Kagwahiva world. I have problematized the role of indigenous political leaders in their actions within and outside the Kagwahiva Indigenous Associations. And to do so, I will examine how the effective political participation of leaders in the urban context has transformed them into leaders of quality recognized by both their domestic political group and other leaders among the Kagwahiva Peoples.
Key-words: Indigenous Kagwahiva Leadership, Indigenous politics, Indigenous Movement.
Tipo Defesa-Doutorado
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