UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Ciências Sociais

Aluno(a) Erick Quintas Corrêa
Titulo DEBORD: Crítica e crise da sociedade do espetáculo
Orientador(a) Profa. Dra. MARIA RIBEIRO DO VALLE
Data 24/01/2017
Resumo RESUMO: A crítica histórica e estratégica de Guy Debord (1931-1994), o mais influente membro da Internacional Situacionista (1957-1972) – organização inscrita na corrente esquerdista do moderno movimento revolucionário europeu –, ocupa um lugar único no mapa intelectual e político da última metade do século XX. Verdadeiramente contemporânea, singularmente profética, a crítica teórica de Debord é efetivamente inseparável de sua crítica prática à sociedade do espetáculo, identificada com a modernidade capitalista e tardocapitalista em sua totalidade, isto é, tanto em sua variante burguesa (a oeste) como burocrática (a leste). Partindo deste constato heterodoxo, o objetivo do presente estudo é apresentar a trajetória crítico-prática de Debord elucidando particularmente a forma singular com que o diagnóstico de sua própria época, apresentado em seus dois principais livros teóricos de crítica social, A sociedade do espetáculo (1967) e Comentários sobre a sociedade do espetáculo (1988), seria historicamente verificado correto em duas conjunturas distintas, primeiramente na/pela crise explosiva de 1968 e, mais tarde, na/pela crise implosiva de 1989. A hipótese central é a de que existe uma continuidade teórica e metodológica entre os textos de 1967 e 1988, diferentemente de outras interpretações acadêmicas que, ao assinalarem uma suposta “ruptura” das teses “pós-modernas” de 1988 com o “marxismo” das teses originais de 1967, indicam a existência de uma descontinuidade entre elas. Demonstra-se como há, entre as teses sessentistas e oitentistas de Debord, uma descontinuidade que é, contudo, de ordem estritamente temática, condicionada pelo desenrolar do próprio processo histórico ao qual se vinculam concretamente. Demonstra-se, além disso, como o texto de 1988 reflete criticamente as soluções regressivas encontradas pelo capital e pelo Estado na gestão e resolução da crise revolucionária detonada internacionalmente em torno de 1968, particularmente na França e na Itália. Apesar de concentrar-se nos dois textos considerados os principais do ponto de vista de seu acabamento teórico-conceitual, o presente estudo apreende a obra de Guy Debord como uma substância sem partes, isto é: desde um ponto de vista que suprime radicalmente a separação entre estética e política, teoria e prática, biografia e história. Para tanto, procede-se à uma investigação heurística que se vale de modo equivalente tanto dos textos teóricos como políticos de Debord, de seus filmes, bem como das suas volumosas correspondências, especialmente aquelas das décadas de sessenta, setenta e oitenta do século XX: período este que, afinal, delimita historicamente o arcabouço teórico e temático compreendido nesta pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE: Guy Debord; crítica do espetáculo; crise do espetáculo; crise de 1968; crise de 1989; revolução; contrarrevolução; esquerdismo; situacionismo.

ABSTRACT: Guy Debord (1931-1994) is the most influential member of the International Situationist (1957-1972) – a political organization inscribed in the leftist current of the modern european revolutionary movement. Debord's historic and strategic critique occupies a singular place in the political and intellectual map in the last half of 20th century. Truly contemporary, singularly prophetic, his theoretical critique is effectively inseparable from his practical critique of the society of the spectacle, which is identified to the capitalist and tardo capitalist modernity in its totality, i.e., in its both bourgeois (in the west) and bureaucratic variants (in the east). Based on this heterodox observation, the aim of this work is to present Debord's critical and practical path elucidating, particularly, the singular form with which the diagnostic of his own period, presented in his two main theoretical books on social critique, The Society of the Spectacle (1967) and Comments on the Society of the Spectacle (1988), would be historically verified as correct in two distinct conjunctures: at first in/through the explosive crisis of 1968 and, later, in/through the implosive crisis of 1989. The central hypothesis is that there is a theoretical and methodological continuity between his works from 1967 and 1988, differently of other academic interpretations that, by pointing out a supposed “rupture” between the “postmodern” theses of 1988 and the “marxism” of the original theses of 1967, indicated the existence of a discontinuity between them. It is demonstrated that there is, between the 1967 and 1988 theses, a discontinuity that is, however, strictly thematic, conditioned by the course of the historical process to which it is concretely linked. Furthermore it is demonstrated how the 1988 text reflects critically the regressive solutions found by the capital and by the government in the management and resolution of the revolutionary crisis internationally detonated in 1968, particularly in France and Italy. In spite of concentrating in the two axes considered the main ones from the point of view of their theoretical-conceptual final touch, this study tries to learn Guy Debord's work as substance with no parts, i.e., since a point of view that suppress radically the separation between aesthetic and politics, theory and practice, biography and history. Therefore, it was preceded an heuristic investigation that uses in an equivalent way both Debord's theoretical and political texts, his films, as well as his voluminous correspondences, specially the ones from the 1960's, 1970's and 1980's: a period that, after all, delimits historically the theoretical and thematic framework of this research.

KEY-WORDS: Guy Debord; critique of the spectacle; crisis of the spectacle; 1968 crisis; 1989 crisis; revolution; counterrevolution; leftism; situationism.


Tipo Defesa-Mestrado
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