UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Ciências Sociais

Aluno(a) Gisele Rocha Côrtes
Titulo O discurso médico sobre o aborto provocado
Orientador(a)
Data 18/12/2002
Resumo A prática do aborto figura como um grave problema das relações de gênero, classe, etnia e saúde pública. Nesta dissertação objetivamos compreender as lógicas sociais que orientam o discurso de médicos que atendem mulheres em processo de aborto provocado, em Araraquara, e médicos participantes de um programa de aborto previsto por lei, em São Paulo. Analisamos o posicionamento dos profissionais, ressaltando a formação recebida nos cursos de medicina freqüentados, a experiência profissional na área, apreendendo como as relações de gênero se manifestam nos discursos e quais habitus e poderes foram veiculados nos relatos, que se refletem na prática. Constatamos que embora o aborto provocado seja uma prática visível e presente no cotidiano dos médicos, ainda há entre os médicos de Araraquara muitas resistências em debater o assunto, imperando um discurso condenatório ao aborto e as mulheres que a ele recorrem. Evidenciamos que a formação, o habitus legitimado no campo de atuação e a religião são variáveis importantes nesse processo, assim como o diálogo estabelecido entre o movimento feminista e os médicos do programa de aborto legal, fundamental para que estes profissionais adotassem uma visão mais politizada sobre o assunto. Analisando os discursos sob a ótica das desigualdades de gênero pudemos evidenciar que a grande maioria dos profissionais reforça o habitus de que cabe à mulher a responsabilidade pela contracepção, anticoncepção, culpabilizando-as frente a gestação indesejada, e isentando a participação dos homens nesse processo, reforçando relações de poder.
Tipo Defesa-Mestrado

APG 2.0
Copyright 2014 (c) UNESP - Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Araraquara