UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Ciências Sociais

Aluno(a) Antonio Geovanni Boaes Gonçalves
Titulo A plasticidade dos usos sociais do corpo de classes populares em São Luís
Orientador(a)
Data 12/11/2002
Resumo Trata-se de um estudo sócio-etnográfico que descreve e analisa fatos do cotidiano de São Luís com interesse de recorte voltado para os usos sociais do corpo nas classes populares. Parte do princípio teórico que representa o corpo como um espaço simbólico construído socialmente. É um passeio pela cidade, pelo bairro e pela casa na busca incessante de "vestígios infinitesimais do inconsciente" que caracterizam a cultura somática das classes populares. No primeiro momento, descreve formas da sociabilidade corporal no espaço público, destacando a facilidade com que o corpo se expõe, aproxima-se e se confunde com outros corpos. No segundo momento, mais pontual, o olhar volta-se para o interior de algumas moradias populares no bairro da Madre de Deus. Para efeito de contextualização, descreve diacrônica e sincronicamente o bairro, caracterizando-o como uma comunidade de vizinhança. No cotidiano doméstico, destaca as múltiplas formas de relações sociais, nas quais os usos sociais do corpo aparecem de maneira fluida e espontânea fomentando um tipo de individualidade compartilhada, ou seja, uma individualidade na qual não há com rigor uma "barreira separando os corpos". Este tipo de sociabilidade corporal mostra-se muitas vezes contrária aos hábitos criados e difundidos pela civilização dos costumes, e isso acontece como se devido, basicamente, à posição de classe que as camadas populares ocupam no espaço social e à forma de atualização histórica delineadora da cultura brasileira. Derivando destas condições, lança mão de categorias e conceitos do conhecimento praxiológico, como a noção de habitus para jogar luz sobre o objeto. A maneira fluida e espontânea de usar os corpos, destacada pelos recursos da sócio-etnografia, mostra a existência de estruturas de disposições duráveis e transferíveis que, inconscientemente, regulam as percepções, classificações e ações que ordenam os corpos no espaço da casa. Esta "fluidez" indica a existência de um habitus primário que no estudo está nomeada como plasticidade, designando a maneira das pessoas de classes populares usarem seus corpos no espaço doméstico: combinam-se e expõem-se naturalmente. Paralelamente, tenta mostrar que a plasticidade é uma constante da cultura somática que rege os usos sociais do corpo também nos espaços próximos da casa (a vizinhança, o bairro) e nos espaços mais distantes (os espaços públicos em geral), o que acaba por configurar uma homologia de estrutura entre os usos que fazem do corpo em casa e os seus usos na rua.
Tipo Defesa-Doutorado

APG 2.0
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