UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
"JÚLIO DE MESQUITA FILHO"

Faculdade de Ciências e Letras - Campus de Araraquara
  Agenda Pós-Graduação - Ciências Sociais

Aluno(a) Dione Lolis
Titulo Um jeito jovem de morrer: homicídios de jovens por armas de fogo em Londrina, 2000-2003
Orientador(a)
Data 04/04/2008
Resumo A presente tese analisa os homicídios de jovens de Londrina - Paraná - Brasil, por armas de fogo, ocorridos entre 2000 e 2003. Objetiva compreender esse processo que ganha visibilidade no contexto da cidade e pressupõe que a violência atinge a todos, mas que a morte por homicídios afeta desigualmente determinados grupos humanos, e pode se acentuar por gênero, idade, cor/etnia, classe ou grupo social e lugar de moradia. Considera que a possibilidade de o grupo jovem sofrer um dano no seu equilíbrio vital está associada às condições materiais e simbólicas, individuais e grupais. Para esta análise, recorre-se às estatísticas, às principais discussões teóricas a respeito das atuais configurações da violência e da criminalidade e suas relações com a exclusão territorial, à coleta de dados dos homicídios por armas de fogo nos documentos do Instituto Médico Legal e na 1ª Vara Criminal e às fontes orais, em entrevistas com as principais autoridades públicas responsáveis pelas áreas de Segurança, Justiça e Ministério Público e que operam com a criminalidade, a juventude e os direitos e garantias Constitucionais. A pesquisa quantitativa mostra que no universo das mortes violentas (homicídios, suicídios e acidentes) de jovens o homicídio por armas de fogo é a principal causa e evidencia a sua importância nos conflitos. As interpretações sobre esses conflitos fatais e a análise das características que definem quem são os jovens londrinenses assassinados, suas efetivas condições de vida, os lugares e as situações que levam aos homicídios, indicam que a maior parte dos homicídios de jovens por armas de fogo está relacionada ao contexto do tráfico de drogas e de armas e a outras práticas ilícitas que propiciam o acesso a bens de consumo materiais e imateriais. Os homens jovens, solteiros, brancos, com menos de sete anos de estudos, moradores em espaços segregados, marcados pela concentração de moradias precárias, desemprego, trabalho informal ou mal remunerado e pela dificuldade de acesso aos serviços públicos essenciais, são os mais vulneráveis à morte por homicídio. Conjunto de características que explica o acúmulo dos homicídios de jovens nesses territórios de exclusão, propícios à presença do comércio de drogas no varejo, e evidencia a existência de diferenciais no risco de violência homicida para os grupos jovens de determinadas áreas de Londrina. São aspectos que compõem uma cidadania precária desses grupos jovens e uma socialização que busca afirmar o poder masculino, de um homem sobre o outro, o domínio sobre a vida e a morte e que demonstra a perda ou a fraqueza da sensibilização e torna a violência homicida habitual e banal.

Palavras-chave: grupos jovens; homicídios por armas de fogo; territórios de exclusão; tráfico de drogas e armas; violência e criminalidade.
Tipo Defesa-Doutorado
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APG 2.0
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